Perdidos vão os tempos onde se forjavam homens que cresciam sobre as mais fortes intempéries, a hostilidade dos pelados eram fonte de sabedoria, crescimento e grandeza. Das poeiras secas ou da lama tormenta erguiam-se distintos titãs.
Histórias irrepetíveis e narrações fotográficas, comprovam o espírito com que os adeptos contemplavam o sagrado retângulo de terra batida. Nos superlotados espaços, identificavam-se os camarotes do povo, os muros do encantamento, a posição mais valiosa do recinto.
Os polícias eram adeptos fervorosos de linha, jornalistas e fotógrafos pertenciam à jogada estudada no pontapé de canto, o golo permitia abraços entre jogadores e o povo, uma invasão de cinco segundos não carecia de um violento bloqueio policial.
Arranhões e gotas de sangue maculavam os equipamentos prestigiando o espetáculo, os olhos sentiam o que se podia ver, hoje vemos o que não podemos sentir. O futebol moderno é um espetáculo maravilhoso de luzes, cores e efeitos, presenciamos mas não alcançamos.
Se o futebol de formação voltasse a ser praticado em pelados, metade dos jovens iria perceber que a sua vocação está na "música". Por isso, afirmo, por cada pelado que se perdeu, nenhum outro se voltará a levantar. A legião perdida.
*Treinador
