Recorro a um excerto de um poema de Rui Lage para caracterizar a sua acção política. Nos antípodas do seu Pai. Que saudades que esta sua geração deixa dos socialistas do Porto de há algumas décadas, que não renegavam as suas origens...
Num longuíssimo artigo no JN, Lage distorce sem vergonha as preocupações que tenho manifestado acerca do PRR. E que, aliás, correspondem às que, por antecipação, constam do livro que escrevi com Fernando Freire de Sousa e Guilherme Costa. Não sei se Lage o leu, ou se o percebeu.
Mas, sendo um homem que se diz da cultura, e vivendo à sombra do partido dominante, será que conhece o PRR para a área do património cultural? 150 milhões de euros no total para 46 edifícios, vejam lá. Segundo o diretor-geral do Património Cultural, o Fundo de Salvaguarda do Património Cultural ficará responsável pela aplicação dos 150 milhões do PRR e será o intermediário na atribuição das verbas com as entidades envolvidas.
De acordo com a lista, a maior fatia de investimento será para o Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, com um total de 27,9 milhões de euros, seguindo-se o Museu Nacional de Arqueologia, também na capital, com um total de 24,5 milhões.
O Teatro Nacional D. Maria II, igualmente em Lisboa, terá um investimento de 9,6 milhões, o Palácio Nacional de Mafra de 8,6 milhões de euros, o Museu Nacional do Traje, em Lisboa de 6,2 milhões de euros. Percorrendo a lista, não vemos o Coliseu do Porto, ou o Palácio de São João Novo ou o Museu Etnográfico. Procuramos e encontramos, nos quarenta e seis, um único no Porto: o Museu Nacional Soares dos Reis. Dos 150 milhões, 1,1 para o Porto. É este o PRR que agrada ao encarniçado poeta Lage, tão subserviente se faz às ordens da República. É esse PRR que me levanta estas e outras críticas. Porque, ao contrário de Rui Lage, não há prebendas que me façam vergar aos ditames da capital.
*Presidente da Câmara Municipal do Porto
