1 O bloco central já existe. Entre Belém e S. Bento. Entre o presidente da República e o primeiro-ministro. Um toma conta da Direita. O outro toma conta da Esquerda. Marcelo faz o pré-anúncio. O Governo anuncia. Marcelo olha os problemas e diz que o Governo está atento. O Governo diz que está atento e a resolver. Frases dos dias.
O PSD de Rui Rio está, como estava o PSD de Pedro Passos Coelho, sem chão político, tentando velhas receitas para problemas que são novos. Perde se o Governo perder. Perde se o Governo ganhar. Partido da Oposição respeitável. E a fazer acordos. O PCP e o Bloco de Esquerda armarão a rua de protestos e o Parlamento de resoluções. Que são recomendações. Não arriscarão voltar ao passado. Nem dar o poder todo a António Costa. Assunção Cristas está num ringue. Quer mostrar que é a única a combater.
E depois há Mário Centeno. Traçou linhas vermelhas. Quer ter números para mostrar a Bruxelas. E dar números para António Costa mostrar. Baixa do desemprego. Economia a crescer. O défice a diminuir. Antecipar o excedente orçamental. O país sofre de desinvestimento há largos anos, na Saúde, na Educação, em serviços públicos essenciais. A Esquerda tem razão. A Direita quer ter. E há um país entalado entre fazer figura e ser figurante.
2 Fazer de conta é uma das artes da política. Usar a política para fazer é fazer da política aquilo para o que a política deve servir. Os cidadãos. Confuso? Talvez menos se olharmos para o entendimento, no Porto e em Gaia, entre os presidentes de Câmara Eduardo Vítor Rodrigues e Rui Moreira.
Os dois juntos, com fundos próprios, sem candidaturas nem assinaturas forçadas da Administração Pública, decidiram avançar para a construção de uma nova ponte sobre o rio Douro. Política e política. Com protagonismo a dobrar e exemplar. Querem resolver o trânsito caótico nos dois centros históricos, um, na verdade apenas um separado por um rio, libertar a Ponte Luís I para peões e bicicletas, criar novas alternativas para entrar e sair das duas cidades. Uma. Na verdade, apenas uma.
Não vai ser fácil. E é preciso perceber mais fundo até que ponto ficarão resolvidos os problemas de mobilidade. Ou uma parte deles. Mas os dois juntos são duas lições juntas. É possível fazer política a sério, melhor e mais eficaz em defesa dos territórios e das populações, onde o Poder Central não chega porque não sabe, ou não quer. E o país só tem a ganhar com uma discussão séria sobre a descentralização.
Quem é que se segue?
DIRETOR-EXECUTIVO
