Mas não há mínimos de seriedade? Não. O problema não é só de José Silvano, o ingénuo secretário-geral do PSD que confia a sua password ao mundo parlamentar. Nem de Emília Cerqueira, a colega que inadvertidamente lhe assinou a presença no plenário, acedendo ao computador pela simples razão de precisar de um documento de trabalho.
O problema nem sequer é de José Silvano quando ele, em cima da polémica, assina a presença na Comissão de Transparência, virando costas para ir à sua vida. O problema destas "pequenas questiúnculas", como lhes chama o líder do PSD Rui Rio, é que elas adensam a convicção de que todos os políticos são iguais, usando a entrega pública a que se deviam prestar para afazeres privados que não devem prestar.
O problema é o somatório de casos que envolvem deputados, muitos dos quais ninguém conhece e tantos dos quais não conhecem a região que os elegeu, a começar nas moradas falsas entregues para receber subsídios de deslocação e a acabar nas falsas presenças no Parlamento também para receber subsídios. O problema é todo o Parlamento parecer conviver muito bem interpares com a opacidade, o que é bem revelador da fragilidade da nossa democracia.
Mas o problema é sobretudo de José Silvano quando embaraça o seu líder, cada vez mais mergulhado na lama de ética em que o partido o afunda. E de um líder que não percebe que é em português que o tem de dispensar, por muito que o acosso a que uma parte dos sociais-democratas o vota o force a falar em alemão.
O que todos queremos perceber é se o Rui Rio dos tais banhos de ética de 2018 é o mesmo do rigor germânico quando presidia à Câmara do Porto. Porque não parece. E não basta ser.
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