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O ministro da Educação desvaloriza-os. A Fenprof fala num "ritual de desgaste". O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares critica o Governo por os ignorar e não investir nas escolas com piores classificações. As estruturas representativas dos pais dividem-se entre os elogios à evolução dos estabelecimentos públicos e as críticas ao modelo de avaliação. Os rankings são, ano após ano, fonte inesgotável de debate.
Dizer que a simples listagem de escolas por resultados é redutor e denota uma visão errada do ensino, excessivamente focado em notas, é uma evidência com a qual não vale a pena perder tempo. Por isso, é uma falácia resumir o tema à dicotomia público/privado, quando se sabe que são realidades incomparáveis. Uma escola que seleciona alunos, como o fazem boa parte das privadas, altera de tal forma as regras do jogo que entra num campeonato à parte.
O erro é transformar o manancial de dados atualmente disponíveis num ranking de resultados em exames, quando as estatísticas estão recheadas de informação útil para o trabalho dos diretores e professores. Avaliar não é errado (bem pelo contrário), se forem usados critérios adequados e se quisermos aprender com o que avaliamos. Os dados disponíveis permitem ver, por exemplo, as escolas que mais recuperam os alunos, ou as que melhor conseguem ultrapassar os contextos desfavoráveis. A malha fina dos números abre caminho a projetos que se revelam eficazes e boas práticas que merecem ser replicadas.
Ensinar é muito mais do que preparar miúdos para dezanoves e vintes e focá-los no acesso a um curso superior. Tanto nas ferramentas que se dão (ajudando-os a ter espírito crítico, a desenvolver competências multidisciplinares, a alargar horizontes e a explorar a criatividade), como na visão de mundo que lhes incutimos. Um mundo feito de diversidade, que a escola deve compreender e valorizar.
Fiz todo o percurso até final do Secundário num pequeno concelho do Interior. Não quero sequer saber em que lugar do ranking ficou este ano, porque essa posição diz pouco sobre a quantidade de adultos hoje com carreiras que por lá passaram. Acredito numa escola pública como a minha, que conhece os alunos pelo nome. Uma avaliação credível será a que souber valorizar e replicar as experiências de escolas que agarram em qualquer aluno e o fazem descobrir o melhor de si. Um dia ainda haveremos de lá chegar.
* SUBDIRETORA