ExclusivoPodia ser piorPassámos o último ano e meio a tentar ver o copo meio cheio, carregado de coisas boas que a pandemia nos trouxe. Claro que essas coisas não existem mas a nossa criatividade, e necessidade de não mergulhar numa profunda neura, fazem-nos acreditar que sim.
Joana MarquesFerro é baixa para o jogo com a BélgicaO árbitro ainda nem apitou e sinto que Portugal já vai na frente do marcador!
ExclusivoLotaria dos penáltisÉ uma emoção difícil (impossível?) de explicar a alguém que não acompanhe o fenómeno desportivo (normalmente essas pessoas chamam assim ao futebol, de forma distante e asséptica): aquilo que se sente quando um dos nossos consegue fazer com que a bola entre na baliza adversária é indescritível.
ExclusivoElevar os padrõezinhosAconteceu o pior dos cenários possíveis. Portugal pode apurar-se para a próxima fase do Euro com uma derrota por 2-0 frente a França. Se para alguns, temerosos, esta é uma conjuntura idílica, para mim, que ainda fiquei no hino do Euro 2004 em que os Da Weasel exigiam "muito mais", o ideal era um jogo a doer.
Joana MarquesNão liguem ao YashodaJoga-se hoje o Portugal-Alemanha, o desafio mais difícil do chamado grupo da morte, que na verdade se chama "grupo F", letra que sugere um nome mais sugestivo do que "da morte".
ExclusivoO jantar de DalotPortugal inicia a sua caminhada no Euro 2020, estreia que vem em boa altura, para ajudar a distrair do que realmente importa: Joao Peglow virá mesmo para o F. C. Porto?
Joana MarquesPelo direito a perderQual é coisa qual é ela que antes de ser já o era? A pescada. E também o falhanço da Superliga europeia. Mesmo que a coisa tivesse avançado, ao invés de ter durado três dias, seria sempre um falhanço, um retrocesso civilizacional.
Joana MarquesUm francês e um português entram num bar Um francês gozou com um português. Parece a descrição de uma segunda-feira normal em Paris, mas desta vez tornou-se notícia, por dois motivos: Philippe Caverivière fê-lo em direto na rádio e os portugueses resolveram ofender-se. Digo "os portugueses" obviamente generalizando, foi com certeza uma ínfima parte de 10 milhões.
Joana MarquesO Dia E A expectativa era enorme, já ouvia falar daquele dia há muito tempo. Há demasiado tempo. À medida que a data se aproximava, o entusiasmo ia crescendo. Era mais do que nervoso miudinho, era uma ansiedade já maior e vacinada, que aumentava a cada minuto que passava, com aquela lentidão com que os minutos insistem em (não) passar quando estamos com pressa, estilo septuagenária na passagem de peões quando já vamos atrasadíssimos para a reunião mais importante das nossas vidas.
Joana MarquesJuízes com pés de barro Sempre ouvi dizer que, se temos um ídolo, o melhor é nunca o conhecermos pessoalmente, já que a desilusão será mais que certa. A vida mostrou-me que nem sempre assim é, mas falaremos do Batatinha noutra altura.
Joana MarquesManife pelo civismoAcompanhei com a máxima atenção, e o maior distanciamento possível, a "Manifestação pela liberdade" através da televisão, e sobretudo na Internet (PORQUE, JÁ SE SABE, OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO CORRUPTOS ESTÃO COMPRADOS PELO ESTADO PARA NOS FAZEREM ACREDITAR QUE EXISTE UMA PANDEMIA, MALDITO TELELIXO). Desculpem, o meu computador foi atacado por um vírus negacionista, que escreve sempre em caps lock.
Joana MarquesPortugal, 2031Março de 2031, Palácio da Ajuda. Está prestes a começar a cerimónia de tomada de posse do novo Governo, depois da mais participada eleição de sempre, realizada através do 760 123 456, e colocada nos seguintes termos "deve o primeiro-ministro abandonar a casa mais vigiada do país?".
Joana MarquesO "Efeito Oliveira"Terça-feira, 9 de março, ali entre as nove e as onze da noite, nem sei bem, perdi a noção, do tempo e do espaço, como acontece por vezes aos melhores (Olá, Marega! Adoro-te na mesma), perdi o fôlego, perdi a conta à quantidade de vezes que googlei "taquicardia pode levar à morte?", "é comum adepto morrer a assistir a jogo?" e ainda "torcedor sofrendo infarto", porque as pesquisas em português do Brasil devolvem sempre mais resultados, perdi de vista o facto de ter 35 anos, quando deslizei pelo chão da sala, de pijama, e de joelhos, como se tivesse ainda saúde articular para isso, como se não fosse uma respeitável mãe de filhos e, mais absurdo de tudo, como se tivesse sido eu a marcar o golo.
Joana MarquesBurguesia da telepatiaSerá chuva? Será gente? Será fadiga pandémica? Demorou mais de um ano. Foi preciso que se assinalasse o 1.º aniversário daquele vírus que não nos deixa festejar aniversários, para que eu começasse a ter alguma empatia com as pessoas que há meses se dizem fartas de estar em casa.
Joana MarquesCarta aberta à carta abertaLi, com algum espanto, a Carta aberta às televisões generalistas, publicada esta semana, e assinada por uma série de personalidades ilustres. Digo "com espanto" porque a última vez que caí no erro de tentar interferir na programação de um canal de TV foi há 31 anos, quando mandatei o meu irmão mais velho, à época com 9 anos, para ligar para a RTP. Tinham prometido que naquela manhã de sábado exibiriam "As aventuras de Babar" e não cumpriram. Reclamar foi uma perda de tempo, percebo-o agora.
Joana MarquesEstamos juntos"Estamos juntos" é uma das frases da década. Essa e "OMG super cringe" (se não percebeu patavina desta expressão, consulte os seus filhos ou netos e, para a troca, pode explicar-lhes o que é "patavina").
Joana MarquesArbitro, logo existo A angústia do guarda-redes no momento do penálti já foi muito comentada. Era interessante agora que nos debruçássemos sobre a tomada de decisão dos árbitros. E não me refiro a dúvidas práticas como "foi bola na mão ou mão na bola?", quero recuar até ao momento da decisão original. A de ser árbitro. Porquê?
Joana MarquesDepois logo se vê"Tenho, como todos nós, o receio de que isto não acabe" entra diretamente para a coleção a que hoje dou início: "Frases que parecem ter sido ditas pela minha mãe mas na verdade foram proferidas por governantes". É certo que Marta Temido também é mãe, mas era bom que guardasse estes desabafos para as suas filhas (pensando bem, até para elas é capaz de ser demasiado angustiante).
Joana MarquesUm país de exceção"Uma médica foi ao ______ (inserir hipermercado da sua preferência), de ______ (inserir a cidade onde reside) e cruzou-se com um homem que ela sabia ter covid, visto ser seu paciente.
Joana MarquesHoje não à escola (*)(*) O título, ao contrário do que possa parecer, não está errado. Hoje o Governo resolveu dizer não à escola, o que garantirá trabalho extra ao copydesk de texto deste e doutros jornais, quando os cronistas do futuro enviarem textos intitulados "oje naum á xecóla". "Que exagero!", dirão. E claro que têm razão.
Joana MarquesPão com manteiga "Pão pão pão pão pão pão, com manteiga é tão bom". Apesar de começar com uma citação de um dos candidatos à presidência este não é um texto sobre as próximas eleições. É sobre as próximas refeições com direito a couvert.
Joana MarquesSalvar o Natal"Os PJ Masks salvam o Natal", "Noddy salva o Natal", "Os Super Monstrinhos salvam o Natal", "Ruca salva o Natal", "A Patrulha Pata salva o Natal". Estes foram os títulos que encontrei, numa rápida pesquisa por "salvar o Natal". Dá ideia de que, além de desenhos animados, apenas o Governo português teve uma vontade igualmente férrea de salvar a consoada.
Joana MarquesNão há pavor como o primeiro"Não há amor como o primeiro" é uma frase desmentida todos os dias, um pouco por todo o Mundo, sempre que nasce um segundo filho (ou terceiro ou décimo, dependendo da latitude).
Joana MarquesA história interminável do campeonatoNove meses a sofrer na esperança de um grande contentamento final. Podia ser o resumo de uma gravidez, mas falo do campeonato.
Joana MarquesJuízes de bancadaEsta semana, o homicida de Beatriz Lebre foi encontrado morto na sua cela, no estabelecimento prisional de Lisboa. Sei que esta não é a frase de abertura que se espera numa crónica que se quer ligeira.