Já ninguém se senta a horas certas a ver televisão. Tirando as transmissões em direto de eventos, sobretudo os desportivos, ver TV no sofá, em família ou com amigos, é uma prática em vias de extinção.
Como sempre os novos hábitos são primeiro adotados pelos mais novos que agora raramente se sentam em frente a um ecrã partilhado. Os vídeos que eles gostam estão na internet e são distribuídos por "novos" canais que não têm grelha, nem horários, nem as vedetas do costume.
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Os telemóveis são pequenos ecrãs de TV muito mais estimulantes. Não só têm muito mais conteúdos, como ainda oferecem toda a privacidade a quem está a ver. O Youtube substitui a antiga televisão com enormes vantagens. Não se está dependente do local, de horários e de escolhas e não é preciso partilhar com os outros aquilo que quer ver.
Mas há mais. Agora a televisão já não é uma coisa que uns fazem para outros assistirem. Os canais colaborativos da internet, a que convencionamos chamar Redes Sociais, permitem que cada um tenha o seu próprio canal de televisão com a sua programação específica e audiência própria. Esta mudança (que a tecnologia trouxe) transforma virtualmente cada espectador num apresentador de telejornal ou num ator de telenovela. Dependendo do gosto e da habilidade de cada um e a liberdade é infinita.
Novos comportamentos trazem novas oportunidades, mas também grandes problemas. Primeiro, para os donos dos canais de televisão, que investiram quantias milionárias em equipamento e licenças que agora se tornam rapidamente obsoletos; hoje para fazer um canal, a única coisa que é preciso é uma APP e uma ligação à internet. Segundo, para as entidades reguladoras, que rapidamente vão ficar sem objeto para regular; verdadeiramente é impossível avaliar a enorme quantidade de conteúdos disponíveis. E em terceiro para o público, que fica sozinho num mundo sem regras, onde as coisas falsas se distinguem mal das verdadeiras.
O grande desafio para as empresas de comunicação social, e nelas, para os jornalistas, é precisamente este: perceber e adotar o novo paradigma, continuando a aumentar a sua relevância e reputação.
ESPECIALISTA EM MEDIA INTELLIGENCE
