Uma fotografia mostrando uma espécie de sabre de luz de Darth Vader unindo Porto e Vila Nova de Gaia anunciou, ontem, um novo universo para as duas cidades: uma nova ponte com 250 metros e ligação para trânsito rodoviário e transporte público, passagem pedonal e ciclovia.
O equipamento, que liga Oliveira do Douro e a zona de Campanhã, pretende, na voz dos autarcas Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues, aliviar a pressão das pontes atuais e permitir a inclusão de territórios que ao longo dos tempos têm sofrido alguma estigmatização. E é bom perceber que o projeto possibilitará tornar os centros históricos do Porto e de Vila Nova de Gaia mais "verdes", uma vez que a atual travessia da Luís I poderá passar a exclusivamente pedonal, somando-se a passagem do elétrico e de veículos de emergência. A nova ponte, rapidamente criticada nas redes sociais, porque neste espaço é habitual confundir-se tudo, será inteiramente financiada pelas duas autarquias, uma posição marcadamente política, reforçada com a afirmação de Rui Moreira de que "não precisamos de pedir nada ao senhor ministro das Infraestruturas e também não precisamos do Ministério da Cultura".
Os 12 milhões de euros necessários para pagar a obra serão divididos em parte iguais pelas duas câmaras, que, sem recorrer à Banca, projetam uma lição sobre gestão financeira da administração local, ao mesmo tempo que afirmam o poder autárquico. E tendo em conta que a Ponte da Arrábida e a Ponte do Freixo estão completamente saturadas de trânsito, nem seria injusto que o Governo contribuísse para esta obra, uma vez que poderá descongestionar as travessias integradas nas vias nacionais. O gigantesco número de veículos que cruzam as pontes da Arrábida e do Freixo há muito tempo que reforçam a necessidade de mais pontes no Douro.
Será com certeza a obra dos mandatos dos presidentes, mas resolverá os problemas da mobilidade das cidades? Haverá menos carros a circular? Ou será mais um "atrativo para pegar no carro e ir ali até Gaia fazer um cruzeiro ou visitar as caves? Não obstante, antes do projeto (sim porque a ponte não será um feixe de luz ao estilo Guerra das Estrelas), antes do arquiteto, dos engenheiros e de tudo o que está envolvido nesta obra, já o nome foi anunciado. D António Francisco dos Santos não teve, no entanto, ainda tempo de se imortalizar na memória de uma cidade tão rica em distintas personalidades, que também poderiam dar o seu nome à obra anunciada.
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