Há algo que os políticos portugueses ainda não perceberam ou não querem perceber. As lutas internas entre pessoas ou entre fações do mesmo partido, com as velhas armas do costume e com as estratégias de sempre, enfraquecem mais o sistema do que o enriquecem. E na maior parte das vezes, fazem-nos sentir vergonha alheia.
Ninguém olha para os índices de popularidade dos políticos? Ainda não perceberam como se criam Bolsonaros e Trumps? Pois bem, é mesmo assim. Não há melhor receita.
Esta combustão de profissionais da política, estes estereótipos repetidos em filmes, séries e novelas que se fixam nesta luta desregrada pelo poder, têm um preço. E há quem ande por aí à espreita. À espera de oportunidades para agarrar uma bandeira de mudança. Que preço iremos pagar por ela? O que indiciam já os recém-partidos criados à Direita? É que os cartazes do populismo já andam por aí, basta estar atento aos outdoors do ex-social-democrata que prefere "ser apelidado de racista do que um dia chorar vítimas em solo português".
É verdade que no seio de uma estrutura partidária é sempre mais complicado aceitar a diferença. Mas pôr em causa um líder só por não discordar de tudo o que o Governo faz, mesmo que seja bem feito, já não é entendível. No fundo, os partidos parecem precisar mais de conselhos de que os concretizar. Precisam de mais ideologia e menos individualismo.
Uma das frases mais certeiras de Rui Rio, durante a noite, foi mesmo a de que "o PSD está a dar aos portugueses um espetáculo pouco dignificante". Resta saber quantas temporadas terá. Em suma, o PSD que não se queixe do futuro. Um partido que não sabe proteger soldados e dá tiros na própria trincheira não é um partido que esteja em condições de gerir a vida de todos nós.
*Diretor-adjunto
