Processo disciplinar. Este é o castigo que responsáveis da Escola Básica 2/3 André Soares, em Braga, decidiram aplicar a uma aluna por ter publicado, na sua página pessoal do Facebook, um vídeo onde se via uma lagarta num prato. O argumento é que o regulamento interno proíbe filmagens dentro da escola, logo a divulgação terá de ser punida. Regras seriam regras, se se esquecesse um pormenor: a lagarta, viva, estava numa refeição servida na cantina escolar. Perante isso, mesmo que, no caso, o regulamento tenha sido quebrado (até porque a lagarta não foi tida nem achada neste registo...), volta a ser posta em causa a qualidade das refeições dadas a alunos. Já em outubro, associações de pais do Sul denunciaram, com fotografias, a insuficiência e a má qualidade da comida servida em algumas escolas por empresas externas, que ganham concursos apresentando orçamentos baixos e, depois, tratam mal quem, muitas vezes, tem no almoço a única refeição diária. Voltemos aos processos disciplinares: apliquem-se, sim, mas a escolas que deixam que coisas como esta aconteçam, e obriguem-se os responsáveis pelas refeições a almoçar, todos os dias, a comida que confecionam. E não adianta dizer "lagarto, lagarto..."
* JORNALISTA
