Miguel Poiares MaduroO que fazer com 60%O que deve um presidente fazer com 60% dos votos? O mesmo que já devia fazer. Mas, agora, com mais capital e, logo, responsabilidade política para o fazer. Marcelo Rebelo de Sousa inicia o segundo mandato numa posição, simultaneamente, privilegiada e preocupante. Beneficia da liberdade que lhe advém de deixar de estar sujeito a reeleição. E o resultado eleitoral preservou, se não mesmo reforçou, o seu capital político. Os 60% são um vitória significativa, ainda que não a coroação que há um ano se imaginou possível.
Miguel Poiares MaduroOposição e interesse nacionalQuando um país sofre um choque exógeno violento a tendência é unirmo-nos. Perante a ameaça externa, seja uma guerra ou uma pandemia, enfrentamo-la mais forte se estivermos juntos.
Miguel Poiares MaduroA tragédia8831 foi o número de vítimas mortais dos 13 anos da Guerra Colonial (4027 das quais mortos em combate, a sua grande maioria recrutados nas próprias colónias). Este fim de semana os mortos por covid irão, com toda a probabilidade, ultrapassar este número.
Miguel Poiares MaduroDemocracia LimitadaHá já algum tempo alertei para a necessidade de pensar, e antecipadamente, como iriam ter lugar as eleições presidenciais em tempos de pandemia.
Miguel Poiares MaduroO preço do segredoEm outubro subscrevi, com outros académicos europeus, um artigo criticando o Conselho da União Europeia por ter alterado a seleção para a procuradores europeus no caso dos nacionais de três países (um dos quais Portugal), cedendo à preferência dos respetivos governos nacionais em vez de manter a escolha feita por um comité independente europeu.
Miguel Poiares MaduroMuito mais que um doce de NatalO Natal é o momento em que regressamos ao que é fundamental. Isso inclui aqueles que nos são próximos, mas também, por exemplo, a comida que compõe as nossas memórias.
Miguel Poiares MaduroO que é feito dos valores olímpicosMuitos terão visto as manchetes desta semana anunciando que o Tribunal Arbitral do Desporto confirmou a decisão do Comité Olímpico Internacional que exclui a Rússia dos próximos Jogos Olímpicos, na sequência da descoberta de um programa sistemático de doping promovido e implementado pelo Estado russo. Poucos terão notado num pequeno detalhe: os atletas russos poderão competir, apenas não poderão usar a bandeira russa...
Miguel Poiares MaduroQuando a ideologia e a demagogia se confundemA privatização da TAP era uma obrigação inscrita no Memorando de Entendimento do Programa de Assistência Financeira assinado pelo Governo socialista. Era uma das boas coisas (também tinha más).
Miguel Poiares MaduroSá Carneiro e o que é isso da social-democraciaOs quarenta anos da morte de Sá Carneiro geraram uma série de reflexões sobre o que seria o seu pensamento político hoje. No PSD (o meu partido), a associação ao pensamento político de Sá Carneiro é também uma forma de procurar uma legitimidade histórica.
Miguel Poiares MaduroA obrigação cívica de desconfiarA decisão de retirar do Orçamento a verba a transferir para o Fundo de Resolução de forma a cumprir com eventuais responsabilidades contratuais perante o Novo Banco é irresponsável? O PSD foi acusado, por socialistas e comentadores, de cedência populista e irresponsável ao aprovar a proposta do Bloco de Esquerda.
Miguel Poiares MaduroOs quatro pecados da crise política da pandemiaNo início da pandemia o Governo beneficiou de um apoio transversal a toda a sociedade e partidos. Hoje, esse apoio perdeu-se. Em parte, isso era inevitável. Perante um choque exógeno, como o vírus, a primeira reação é procurar refúgio nas nossas instituições.
Miguel Poiares MaduroComo lidar com o extremismoAqueles que, como eu, acreditam que a política deve procurar reconciliar interesses e visões diferentes do bem comum assistem com enorme preocupação ao crescimento do extremismo político. Este concebe a política como um combate entre duas conceções irreconciliáveis da sociedade. Frequentemente, o outro lado é apresentado como não representando nem agindo em nome do povo, mas sim como estando ao serviço de interesses obscuros e minoritários (sejam eles as elites, a finança, os imigrantes, etc.). É fácil ver como esta conceção da política pode facilmente descambar no autoritarismo no seu exercício. Essa contraposição justifica tudo a um lado contra o outro. Mas para lá deste risco, uma democracia contaminada pelos extremismos é uma democracia polarizada e radicalizada em que a função de reconciliação de interesses diferentes se torna impossível.
Miguel Poiares MaduroDa democracia e da AméricaFoi com apenas 25 anos e na sequência de uma viagem pela América que Alexis de Tocqueville escreveu um dos livros mais influentes sobre a democracia: "Da democracia na América".
Miguel Poiares MaduroA democracia no futebolEm 2016, na sequência dos escândalos de corrupção na FIFA, revelados pela justiça norte-americana, fui convidado para presidir a um novo comité independente de controlo e governação da FIFA. Uma das nossas responsabilidades era a de supervisionar as eleições.
Miguel Poiares MaduroRegras simples para um Mundo complexoNo início desta pandemia escrevi aqui sobre o desafio que constituía para os responsáveis públicos saber gerir a incerteza. Precisávamos de regras simples para um Mundo complexo. Se não o soubessem fazer, a consequência seria uma comunicação pública incapaz de orientar os cidadãos no meio desta crise. O pior seria a incerteza científica inerente ao vírus e à pandemia transformar-se em incerteza sobre o que era pedido aos cidadãos. Infelizmente é a isso que parecemos estar a assistir, com mensagens e decisões públicas inconsistentes e erráticas. Acresce que quanto mais se prolonga a inconsistência das mensagens públicas menos credibilidade e respeito merecem por parte dos cidadãos. Todos se recordam de como, inicialmente, nos foi dito que as máscaras apenas não eram necessárias como até poderiam ser prejudiciais. Agora são fundamentais e até na rua devem ser obrigatórias. E se os testes começaram por ser justificados apenas em casos de sintomas claros, agora diz-se que o sucesso da resposta à pandemia passa por "testar, testar, testar". Com este histórico não sabemos se devemos acreditar quando nos dizem que os testes rápidos não fazem sentido ou se daqui a poucas semanas, quando houver dinheiro para os ter, nos irão dizer que afinal são parte fundamental do combate à pandemia.
Miguel Poiares MaduroComo escrutinar a "bazuca"Neil Komesar (um dos mais brilhantes estudiosos de instituições) contava uma anedota para exemplificar o erro mais comum nos debates e análises das instituições.
Miguel Poiares MaduroO poder em PortugalGiulio Andreotti, ex-primeiro-ministro italiano, terá dito que o "o poder só faz mal a quem não o tem". É uma conceção do poder como qualquer outro recurso: quanto mais se tem melhor é. Na versão benigna: quanto mais poder tivermos, mais podemos fazer. Acontece que a história prova que não é assim.
Miguel Poiares MaduroProcuradoria Europeia nasce torta e à moda portuguesaNo final de julho o Conselho da União Europeia nomeou os procuradores europeus que irão liderar, no âmbito da recém-criada Procuradoria Europeia, a investigação criminal em áreas em que estejam em causa os interesses financeiros da União Europeia.
Miguel Poiares MaduroA falsa escolha entre a pandemia e a economiaTem-se vindo a consolidar a ideia de que temos de escolher entre morrer da pandemia ou morrer da crise. O controlo da pandemia estaria a causar danos económicos e sociais superiores aos próprios danos da pandemia.
Miguel Poiares MaduroFutebol e políticaTodos temos direito às nossas paixões, incluindo aqueles que exercem funções políticas. A diferença é que o exercício destas funções justifica impor limites a essas paixões.
Miguel Poiares MaduroLições de CidadaniaA ironia da recente discussão sobre a disciplina obrigatória de Cidadania é que demonstrou um enorme défice de cidadania... Houve polarização, intolerância, discussão por associação a preconceitos e não com base em argumentos. Isto prova a necessidade de mais cidadania e civismo, mas não demonstra que uma disciplina escolar seja a melhor forma de o conseguir.
Miguel Poiares MaduroUm país chamado desejoEm Portugal confunde-se uma estratégia com os objetivos da mesma. Como se imaginar o que gostaríamos que o país fosse nos substituísse do esforço de pensar como conseguir isso.
Miguel Poiares MaduroVocês sabem do que estou a falarNa semana que passou, o país converteu-se em réplicas de Octávio Machado... Vocês sabem do que estou a falar. Tivemos até uma reunião entre o primeiro-ministro e a Ordem dos Médicos para discutir aquilo de que vocês sabem do que eu estou a falar e que terminou sem sabermos o que realmente falaram...
Miguel Poiares MaduroSaber o que se passa para saber o que fazerEm julho deste ano morreram mais 2137 portugueses do que em julho do ano passado. É um aumento de mais de 26%, muito superior ao número de mortes atribuídas ao coronavírus covid-19 nesse mês.
Miguel Poiares MaduroNa política o que conta é o que os outros dizemA política não é o que fazes, nem sequer o que dizes, é o que dizem que fazes ou o que dizem que disseste.