Dezenas de chefes de Estado e de Governo comemoraram ontem, sob o Arco do Triunfo, o centenário do armistício entre as potências aliadas e a Alemanha, que pôs fim à I Grande Guerra em 1918. As cerimónias tiveram a pompa e circunstância que a efeméride exigia. Celebrou-se o fim de um dos mais sangrentos conflitos que ainda hoje marca as relações entre países. E, sem dúvida, nunca é excessivo erguer bem alto a bandeira da paz.
Não podemos, no entanto, ceder ao cinismo e à hipocrisia. Naqueles metros quadrados, sob o Arco do Triunfo, entre palavras de esperança, figuravam personagens que, direta ou indiretamente, contribuem para o deflagrar (ou manutenção) de alguns dos mais sangrentos conflitos. Não podemos ignorar que países liderados por Merkel, Macron, Putin e Trump alimentam o abastecimento de armamento para diversos pontos do globo - onde civis inocentes sofrem as rudes consequências de guerras a que são completamente alheios.
Em Paris, Emmanuel Macron reconheceu: "Estamos enfraquecidos pelo retorno de tristes paixões, o nacionalismo, o racismo, o antissemitismo, o extremismo, que põem em causa o horizonte que os nossos povos esperam alcançar". Comemorar o fim da I Guerra Mundial, conflito que ceifou milhões de vidas, como tantos outros que se lhe seguiram, deveria sobretudo servir para nos ajudar a evitar a repetição de tão nefastos acontecimentos. O presidente francês enumerou, um a um, os ingredientes que, muitas vezes ao longo da história, se conjugaram e deram origem às suas mais trágicas páginas.
Nenhum de nós pode dizer que não sabia. Que não sabe. Depende de nós, enfim, manter a esperançosa máxima: "A história é longa e nunca se repete".
EDITORA-EXECUTIVA-ADJUNTA
