Quando pôde mostrar-se aos portugueses em discurso direto, no debate dos dois candidatos a primeiro-ministro da passada segunda-feira, Rui Rio deixou claro por que razão é a alternativa de que Portugal precisa.
Com uma grande prestação, desmontou a demagogia alheia e expôs propostas alternativas em aspetos centrais como a descida de impostos, a revalorização dos serviços públicos e a promoção de um modelo de crescimento focado no investimento, produtividade e exportações. Sem a mediação dos comentadores encostados ao poder, liberto de compromissos com interesses instalados, Rui Rio mostrou ser o intérprete à altura dessa alternativa.
E no final, já à margem do conteúdo do debate, um incidente veio deixar traçada a imagem definitiva dos dois candidatos.
Tendo acordado não falar à saída do debate, para não prolongar o ruído e deixar os espectadores fazer o seu juízo, Rui Rio saiu e, abordado por jornalistas, disse: "Combinámos não falar, não falo"; Costa saiu (acolitado por vários diretores televisivos, quando ali estava como mero candidato, e não primeiro-ministro) e, como todos viram, desata a falar e a comentar...
Combinar algo e não cumprir contraria uma das virtudes fundacionais da nossa sociedade e civilização: uma pessoa, uma palavra! Assistir no espaço do "comentário" político à valorização da quebra do acordo, e à crítica de uma suposta "ingenuidade" de quem cumpre, mostra algo profundamente errado no nosso universo político-mediático. Por ajudar a destapar este ambiente intoxicado, a prestação de Rui Rio é igualmente de louvar.
Não é só em tempos pré-eleitorais que a seriedade assume importância essencial para todos. Que modelo de conduta queremos dos titulares de cargos políticos?
É também esta a alternativa no próximo dia 6 de outubro.
*PROFESSOR UNIVERSITÁRIO
