Sou dos que não alinham com a ideia dominante cá no Burgo de que o Infarmed tem de ser transferido para o Porto.
Se a instituição estivesse a trabalhar mal e a sua deslocalização para o Porto fosse, por qualquer razão, crucial para a "colocar nos eixos", aí poderia estar de acordo. Mas a verdade é que o Infarmed nunca foi conhecido por trabalhar mal e nunca, ao longo dos seus 25 anos de existência, foi identificado qualquer constrangimento que justificasse a sua deslocalização. Estamos, assim, perante mais um dos casos típicos em que se tenta corrigir um erro com outro erro. De facto, o pecado original deste processo esteve na escolha, pelo Governo, de Lisboa para cidade portuguesa candidata a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), que tem de sair de Londres face ao Brexit. Essa proposta, defendida veementemente pelo "ministro do Porto" Augusto Santos Silva, veio a provar-se errada e, felizmente e em boa hora, alterada pela candidatura do Porto - aqui, sim, com a minha concordância, dado que, havendo uma deslocalização obrigatória, se justificava, por diversas razões, a sua instalação, de raiz, no Porto. Perdida, no entanto, a candidatura para Amesterdão, o Governo, com má consciência quanto à forma como tinha tratado inicialmente o Porto, sacou da cartola a deslocalização do Infarmed para esta cidade.
Compreendo que a Câmara Municipal do Porto, perante a proposta de deslocalização oriunda do Governo, tenha dificuldades em não a agarrar. Mas creio que prestaria um melhor serviço ao país e à afirmação da cidade e da região, se declinasse este "presente" e passasse, já, a negociar a instalação no Porto da próxima instituição de relevo que venha a ser constituída...
ENGENHEIRO
