Em maio de 2017, nas Conferências do Estoril organizadas pela Câmara Municipal de Cascais, havia um painel muito interessante que juntava Baltazar Garzon, António di Pietro, Sérgio Moro e Carlos Alexandre.
Quatro magistrados que se distinguiam nos seus países (Espanha, Itália, Brasil e Portugal) pela condução de processos anticorrupção.
Os conferencistas foram apresentados (e seguidos!) como pop stars, homens predestinados a pôr em causa o flagelo da corrupção que mina(va) os regimes democráticos dos seus países. Nessa altura já se sabia que Garzón e Di Pietro tinham deixado a magistratura e enveredado pelo exercício de cargos políticos. O que não me parece positivo. O que não se sabia (embora alguns já previssem...) era que, passados 17 meses, Moro viria a ser convidado para "superministro" do fascista Bolsonaro. Com uma diferença muito grande relativamente a Garzón e Di Pietro: Moro é ministro de um presidente que ajudou a eleger quando impediu Lula de se candidatar (sabendo-se que era aquele que recolhia, nas sondagens, mais intenções de voto). E passa a ministro antes mesmo de ver a condenação (ou a absolvição) definitiva de Lula. Ou seja, deixa o trabalho a meio (ou será que o completou, porque o seu único objetivo era eliminar Lula destas presidenciais?).
Como disse Moro, há um ano, à revista "Veja": "Não seria adequado da minha parte postular qualquer espécie de cargo político porque isso poderia colocar em dúvida a integridade do trabalho que eu fiz até ao momento". Pois eu já não tenho qualquer dúvida de que "integridade" não rima com Moro...
E, já agora, desejo sinceramente que Carlos Alexandre não siga este caminho, porque esta descredibilização da justiça corrói tanto a democracia como a corrupção.
*ENGENHEIRO
