Os "coletes amarelos" estão a deixar França no vermelho, no que concerne ao orçamento. As medidas anunciadas pelo presidente gaulês, Emmanuel Macron, numa tentativa desesperada de agradar aos "gregos" do seu país, é inconciliável com a ideia de satisfazer os "troianos" da União Europeia e torna impraticável o cumprimento da meta do défice decretado por Bruxelas.
A realidade francesa suscitou, por agora, apenas comentários lacónicos - e até a indicativos de alguma compreensão para com o Executivo de Paris - por parte dos polícias das finanças do Velho Continente, mas promete abrir uma espécie de caixa de Pandora, uma vez que os populistas italianos, ameaçados pelo cutelo do procedimento por défice excessivo, logo se apressaram a exigir igualdade de tratamento. E com legitimidade. Veremos, mas desconfio que a Itália não será o único Estado a reclamar.
Tudo isto resulta, por outro lado, da força que o movimento dos "coletes amarelos" adquiriu, graças a manifestações e a tumultos, principalmente em pontos estratégicos da cidade de Paris. Legitimidade para se organizar e protestar toda a gente tem, mas nunca pela via da violência, o caminho para onde derivaram as manifestações, depois de minadas por infiltrados extremistas, de Direita e de Esquerda.
O facto de um povo com um contributo tão estruturante para o ideal de democracia do Ocidente ter necessidade de destruir e pilhar propriedade alheia para fazer vingar medidas da mais elementar justiça social é preocupante, enquanto exemplo. Estando o voto a perder força em termos de participação, os políticos têm de caminhar, de uma vez por todas, no sentido da verdade. Sem vender ilusões em período eleitoral e cumprindo, depois, as promessas. A alternativa, como se vê em França, pode ser um caos, que, no limite, merece ser-lhes imputado.
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