Associação contesta corte do trânsito no centro histórico. Vereador garante que medida só avança com acordo.
Corpo do artigo
A maioria dos comerciantes do Centro Histórico de Guimarães é contra o corte do trânsito nas ruas daquela zona. A questão colocou-se depois da Associação de Comércio Tradicional (ACTG) de Guimarães ter tomado conhecimento do projeto "Bairro Comercial Digital", em que está previsto o encerramento de artérias. A ACTG afirma que a Câmara se comprometeu a não avançar sem ouvir os comerciantes.
"Depois de verificarmos que no projeto estava previsto o corte do trânsito decidimos fazer uma auscultação porta a porta e concluímos que 99% dos comerciantes não estão de acordo", afirma Cristina Faria, presidente daquela associação. "Consultamos cerca de 300 comerciantes e só dois é que são favoráveis ao corte do trânsito", acrescenta.
Na sequência deste inquérito a ACTG promoveu uma reunião geral de comerciantes, na passada quinta-feira, em que só um empresário se mostrou a favor do corte da circulação automóvel, embora a presidente da instituição não precise quantas pessoas estiveram nesta reunião.
Condições a criar
Esta quarta-feira, a associação foi recebida pelo vereador responsável pela implementação do "Bairro Comercial Digital", Paulo Lopes Silva, e obteve a garantia de que a autarquia não avançará com o corte de ruas sem que a maioria dos comerciantes esteja de acordo, afirma Cristina Faria. "Há condições que têm que ser criadas antes de se pensar em fechar ruas, tais como trazer serviços para o centro, criar estacionamento e facilidades de circulação", alerta a representante dos comerciantes.
Cristina Faria aponta a Loja do Cidadão como um dos serviços que é preciso trazer para o centro. Recorde-se que o presidente da Câmara, Domingos Bragança, quando anunciou a possibilidade de instalar aquele serviço no antigo Centro Comercial de Santo António, em janeiro deste ano, mostrou vontade de reperfilar a rua com o mesmo nome, nivelando-a com o passeio. Na mesma altura, o autarca revelou a ambição de fechar ao trânsito a parte superior do largo do Toural e a zona norte da Alameda de São Dâmaso.
"Foi garantido que não haverá cortes sem ouvir os comerciantes", revela Cristina Faria. Sobre a possibilidade de encerramento ao trânsito automóvel poder ser bom para o comércio, a dirigente é perentória: "Consultamos comerciantes e associações em outras cidades onde isso aconteceu e, em todas, o comércio tradicional morreu. Sobreviveram apenas alguns cafés".
A Câmara de Guimarães, questionada sobre este assunto, não se pronunciou até agora.