População de Pedra Furada não gosta da designação e desconhecia que a antiga primária era assim conhecida.
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O nome do mais recente albergue público de apoio aos peregrinos dos Caminhos de Santiago, na antiga escola primária de Pedra Furada, freguesia de Barcelos, está a gerar discórdia. São muitos os que levantam a voz contra "O palhuço", afirmando ser "de mau gosto" e de dar "uma conotação muito negativa à freguesia e ao concelho". Já o presidente da Junta diz que aquele é "o nome pelo qual as pessoas identificavam o edifício".
António Herculano, de 65 anos, proprietário do restaurante "Pedra Furada", paragem obrigatória para quem percorre os Caminhos de Santiago, diz que quando soube o nome do albergue já não quis ir à inauguração. "Fiquei contente por terem recuperado a escola, onde aprendi a ler e a escrever, mas quando me disseram que o albergue se ia chamar 'O palhuço', fiquei muito triste", revela.
Também Maria José, de 55 anos, moradora na freguesia ao lado, Courel, e que já fez diversas vezes o Caminho de Santiago, refere que a escolha do nome "é de uma falta de gosto tamanho" e revela que não conhece "ninguém que já tivesse ouvido falar nesse nome".
António Herculano afina pelo mesmo diapasão. "Eu durante a minha vida nunca ouvi falar nesse nome. Só depois de escolhido é que alguém me contou que, quando fizeram a escola nova, diziam aos miúdos que ficavam na velha que iam para "O palhuço"".
Junta rejeita polémica
O comerciante não tem dúvidas de que o nome "dá uma conotação muito negativa à freguesia e a Barcelos" e que "é estragar o trabalho que tem sido feito no Caminho Santiago". "Sou otimista por natureza e espero que, com bom senso, se altere o nome", conclui.
O presidente da União de Freguesias de Chorente, Góios, Courel, Pedra Furada e Gueral rejeita polémica e lembra que usaram o "nome pelo qual as pessoas identificavam o edifício". "Achamos o nome engraçado, interessante e convidativo. Tem funcionado muito bem em termos de atratividade e até isso acabou por ser bom", salienta Nuno Oliveira, acrescentando que "as pessoas ficaram com muita curiosidade em conhecer o edifício".
Confrontado com o facto de as pessoas desconhecerem que a antiga escola primária de Pedra Furada era conhecida por aquele nome, o autarca diz que "só quem não for da freguesia é que pode dizer isso". "Aliás, eu não sou natural de Pedra Furada e sempre conheci aquele edifício como 'O palhuço' ", remata.
O edifício, cujo projeto remonta a 1890, tem duas salas/dormitório com camaratas, sala de convívio, sanitários completos, lavandaria com máquinas de lavar e secar, logradouro com cerca de 800 metros quadrados e capacidade para acolher 24 pessoas.