A Câmara do Porto vai avançar com duas intervenções no Jardim Paulo Vallada e na Ribeira da Granja que visam não só a reabilitação ambiental dos espaços mas também contribuir para o controlo das cheias na cidade do Porto. Trata-se de um investimento de 1,5 milhões de euros com o apoio da Agência Portuguesa do Ambiente.
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A intervenção no Jardim Paulo Vallada vai arrancar no início de setembro e deverá estar concluída no prazo de 240 dias, ou seja, cerca de oito meses. Prevê a "integração de soluções de drenagem sustentável". Por outras palavras, o atual campo de futebol existente naquele espaço vai ser "convertido numa bacia de retenção", prevendo-se ainda a criação de mais quatro lugares de armazenamento.
O projeto, orçado em 550 mil euros, abrange a criação ainda de mais espaços verdes, a reabilitação das áreas de fruição e de equipamentos de lazer.
Com esta intervenção, apoiada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Câmara do Porto tenciona encontrar mais um mecanismo para controlar as cheias na cidade. "Ao passar a permitir a acomodação de caudais excessivos durante eventos de precipitação intensa, ficará reduzido o risco de inundações a jusante, nomeadamente a formação de 'cascatas' na Avenida Gustavo Eiffel", crê a Autarquia.
"O problema não é a quantidade de água é a quantidade de água num curto espaço de tempo", sublinhou o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, à margem da assinatura de dois protocolos com a APA, esta terça-feira.
Segundo o também vereador com o pelouro do Ambiente, a intervenção no Jardim Paulo Vallada não vai resolver o problema das "cascatas". Apenas mitigar, uma vez que a situação carece de mais soluções com vista à retenção de água. "A criação de bacias de retenção, o aumento da permeabilidade do território e a renaturalização dos troços entubados são as principais soluções apontadas pelo Plano de Valorização Reabilitação das Linhas de Água", sublinhou, por sua vez, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apontando o Parque Central da Asprela como "um bom exemplo da aplicação do conceito 'cidade-espona'".
A colaboração com a APA visa outro projeto: o da requalificação da Ribeira da Granja, que esta terça-feira ficou poluída por causa das águas usadas no combate ao incêndio na Auto Sueco.
A intervenção, orçada em cerca de meio milhão de euros, deverá arrancar no início do próximo ano, visando a continuidade do projeto de desentubamento, além da reabilitação de todo o leito até à Estrada da Circunvalação, criando-se zona de circulação pedonal e de ciclovias.
"Na prática, aquela que é uma das maiores bacias hidrográficas do concelho verá melhoradas as condições de escoamento, através da proteção de recursos, controlo de cheias e prevenção de riscos ambientais, assim como da implementação de técnicas de engenharia natural para controlo de erosão, estabilização e consolidação das margens fluviais e do leito, além do controlo de espécies exóticas invasoras", destaca a Câmara do Porto.
"São dois grandes projetos para a cidade e ambiciosos", considerou Filipe Araújo. "No contexto de combate às alterações climáticas em que vivemos, são particularmente importantes estas intervenções, conjugam medidas que têm um impacto positivo do ponto de vista ambiental e climático com serviço às populações", destacou a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho.
Já Rui Moreira pediu "uma cooperação efetiva entre as duas esferas do poder, bem como uma virtuosa transferência de competências e recursos para as autarquias". "O protocolo corresponde a essa vontade de cooperação e capacitação dos municípios, tendo em vista a concretização, a nível local, das metas climáticas e dos objetivos da sustentabilidade do país", acrescentou o presidente da Câmara do Porto.