A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a investigar a origem da intoxicação que afectou pelo menos 45 crianças e dois adultos de sete nacionalidades, em Monte Gordo. As vítimas sentiram-se mal após ingerirem o almoço de anteontem, segunda-feira, no hotel.
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Os números oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e as contas feitas pelos pais e treinadores não coincidem. Fonte do INEM garantiu, ao JN, que foram assistidas 47 pessoas, 45 das quais crianças. Odete Carneiro, mãe de um jogador, tem outra opinião. Só na equipa do Sandinense "foram afectadas 22 crianças, o massagista e os treinadores". Outros responsáveis falam em cerca de 60 pessoas. O INEM justifica a discrepância com a provável deslocação ao centro de saúde pelos próprios meios.
As pessoas afectadas são participantes do Mundialito 2010, um torneio internacional de futebol infantil, que ontem teve grande parte das actividades suspensas ou adiadas. As crianças têm entre os 12 e os 14 anos e são de nacionalidade portuguesa, inglesa, alemã, espanhola, venezuelana, canadiana e escocesa.
As primeiras queixas surgiram pouco tempo depois do almoço no Hotel Navegadores, em Monte Gordo, concelho de Vila Real de Santo António. Segundo José Carlos Dias, treinador do CIF - Clube Internacional de Foot-Ball, de Lisboa, os meninos começaram a queixar-se de "náuseas, vómitos e manchas na pele". O responsável pensou tratar-se de casos pontuais e só percebeu a verdadeira dimensão ao início da noite, altura em que a situação se agravou. "Os casos aumentaram de número, alastraram a outras equipas de diferentes nacionalidades e houve até crianças que desmaiaram", acrescentou.
O Sandinense foi um dos clubes mais afectados. "Receberam assistência 22 jogadores e no centro de saúde estavam muitos mais e de outras equipas", contou Odete Carneiro, mãe de um jogador da equipa de Guimarães, preocupada com a falta de explicações. "Dizem-nos que o mais provável é que tenha sido uma intoxicação alimentar, mas nem toda a gente comeu o mesmo", revela.
O INEM foi accionado e enviou ambulâncias para o local mas, face ao elevado número de casos, decidiu colocar, à porta do hotel, um posto médico avançado. Ali mesmo, dentro de viaturas de emergência médica, foi feita a triagem e o encaminhamento para o Serviço de Urgência Básica de Vila Real de Santo António. Nenhum caso grave foi detectado nem houve necessidade de evacuar pessoas para o Hospital Central de Faro. O hotel disponibilizou uma sala para que o INEM pudesse assistir algumas das vítimas e recusou prestar declarações. No regresso do centro de saúde, João Cardoso, pai de um jogador do CIF que se sentiu mal, pedia, anteontem, "o cancelamento das refeições no Hotel Navegantes". Caso contrário, ponderava o regresso a Lisboa.
Para além do INEM e dos bombeiros, durante a noite também estiveram no hotel inspectores da ASAE. Segundo foi possível apurar, foram apreendidas amostras de alimentos que vão agora ser sujeitas a análises. As refeições servidas foram costeletas com massa e bacalhau com natas. A carne terá sido a mais consumida. Fonte da ASAE considera prematuro adiantar as causas, mas confirmou que uma intoxicação alimentar é a que está a ser mais equacionada.
A organização do Mundialito 2010 adiou algumas das provas previstas para o dia de ontem, mas decidiu não cancelar a competição, que decorre até ao próximo sábado.