500 trabalhadores da Schmidt Light Metal com futuro incerto em Oliveira de Azeméis
Apesar da insolvência, Schmidt Light Metal está a laborar e tem salários em dia. Setor automóvel enfrenta onda de desemprego.
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Meio milhar de trabalhadores da Schmidt Light Metal, empresa de produção de moldes para a indústria automóvel, em Oliveira de Azeméis, enfrenta um futuro incerto. A firma entrou em processo de insolvência, mas mantém-se em laboração. O setor de fabrico de automóveis e de componentes regista a maior subida da taxa de desemprego no país no arranque de 2025 e somam-se os casos de empresas a despedir e a fechar.
Os funcionários sabem que há um processo de insolvência a decorrer e sobre o qual não existem, para já, indicações de como irá terminar. A indefinição permanece e, ontem, apesar da rotina aparente, o clima de incerteza pairava sobre a fábrica. No interior das instalações da Schmidt Light Metal, fundada em 1989 por Hans Kupper e Ralf Schmidt, a produção seguiu como habitual: máquinas em funcionamento e trabalhadores nos seus postos, com a inquietação a crescer a cada dia.
“Está a acentuar-se a preocupação entre os trabalhadores”, alertou, ao JN, Justino Pereira, coordenador Centro-Norte do SITE – Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente. Apesar da situação preocupante, garantiu que a empresa “está a trabalhar a 100%, por vezes com recurso a horas extraordinárias” e que, até agora, “não tem faltado trabalho e os salários estão em dia”.
Desemprego cresceu 31,7%
De acordo com o sindicalista, a empresa “submeteu-se, em 2023, a um Processo Especial de Revitalização (PER). Tinha seis meses para encontrar um comprador do grupo, mas isso não aconteceu e houve também credores que apresentaram recurso”, explicou. Com o recente pedido de insolvência, “não significa que a empresa vá encerrar”, porque “tem um volume de negócio muito interessante. Estamos a acompanhar a situação e os trabalhadores”, garantiu.
A incerteza dos últimos dois anos pesa sobre os trabalhadores, que evitam comentar publicamente sobre o futuro da Schmidt. Um deles, sob anonimato, resumiu o sentimento geral: “Estamos todos na expectativa. Ainda temos esperança de que uma empresa como esta não feche”. A insolvência da fábrica de fundição injetada, que produz moldes de alumínio, foi recentemente declarada pelo Tribunal de Aveiro, estando a decorrer o prazo para a reclamação de crédito. O JN tentou obter uma reação da Câmara de Oliveira de Azeméis, sem êxito. O gestor judicial remeteu mais informações para a consulta do processo.
A insolvência da Schmidt Light Metal surge num momento em que o setor de fabrico automóvel enfrenta um aumento expressivo do desemprego. Segundo o Instituto de Emprego e Formação Profissional, em fevereiro, o número de desempregados na área cresceu 31,7% em relação ao mesmo mês de 2024, atingindo 2524 pessoas. O setor já liderava a lista do desemprego em janeiro e uma possível queda da Schmidt Light Metal pode agravar esse cenário.
Problemas
Yazaki Saltano
A fábrica de Ovar da Yazaki Saltano anunciou a intenção de despedir 364 trabalhadores em março, dispensando-os do trabalho. A multinacional explicou que está a ser “afetada pela situação crítica da indústria automóvel”.
Cablerías
A fábrica espanhola do setor automóvel Cablerías Manufacturing fechou no início do ano, deixando 250 operários no desemprego. A empresa tinha dívidas de 6,2 milhões de euros.
Coindu
Em Arcos de Valdevez, o fecho da Coindu, atirou 350 trabalhadores para o mesmo destino.