Mais de cinquenta feirantes de várias zonas do Minho reuniram, esta sexta-feira de manhã, no Campo d'Agonia, recinto da feira de Viana do Castelo, para reclamar a reabertura do mercado, que se realiza às sexta-feira.
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Os vendedores queixaram-se do facto de não estarem incluídos "em nenhuma das fases de desconfinamento", quando a maioria do comércio, incluindo superfícies comerciais, já está a funcionar.
"Queremos apelar aos nossos governantes que nos deixem feirar. Sabemos que as autarquias não têm autonomia para decidir em Estado de Calamidade. Queremos que alguém nos diga quando e como vai ser. Precisamos urgentemente de trabalhar", disse a porta-voz dos feirantes, Dília Ponte, referindo que "há famílias inteiras a passar por grandes necessidades", até porque o inverno rigoroso não permitiu criar um "fundo de maneio".
"De repente, ficamos impedidos de feirar, sem qualquer outra fonte de rendimento. Temos prestações bancárias e outros compromissos, e dependemos exclusivamente desta atividade", adiantou ainda, recordando que a feira de Viana do Castelo está suspensa desde 11 de março.
Para esta sexta-feira, estava prevista "uma ação diferente" da realizada ontem, com ocupação dos espaços com autorização da Câmara de Viana do Castelo, mas a autarquia acabou por recuar, não permitindo a ação. O Campo d'Agonia foi ocupado por mais de 50 feirantes, alguns dos quais foram identificados por agentes da PSP à paisana.
Não sei como ainda temos para comer
"A gente precisa da feira para comer e estamos parados há dois meses e tal em casa. Empatamos o nosso dinheiro [na mercadoria] e entramos logo em quarentena. Eu vendo tecido a metro e o pouco dinheiro que tinha empatei. Não sei como ainda temos para comer", queixou-se Dália Maia, cigana, que faz feira em Viana do Castelo e se juntou à ação. "A nossa vida é a feira", reclamou.
"Temos informação de que em Lisboa, na feira do Relógio, em Cascais, Carcavelos e Queluz, no Porto e Braga, os feirantes já estão a fazer as feiras. E nós aqui em Viana não somos nada?", acrescentou Arlindo Silva.
O feirante Manuel Peixoto juntou-se às reivindicações. "O nosso grito é 'queremos feirar'. Nós somos embaixadores de uma terra. As feiras fazem parte da atividade e da vida das localidades. E a imagem que queremos passar aqui hoje é que queremos fazer parte da solução e não do problema".
Câmara aguarda orientações da DGS
A Câmara de Viana do Castelo está a aguardar por orientações do Governo relativamente à reabertura das feiras, que poderão ser divulgadas ainda hoje, para poder decidir o regresso da feira de Viana, se possível, já na próxima sexta-feira. Segundo o autarca de Viana do Castelo e também presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, José Maria Costa, é vontade daquele e de todos os município da região, que sejam retomadas as feiras.
"Tenho informação que ainda hoje vai sair uma orientação legislativa sobre essa matéria e, a partir do momento em que o Governo autorize, nós vamos criar as condições para a realização das feiras. Se sair hoje, vamos ler a legislação e ver em que condições pode ser aplicada na nossa feira. E se pudermos, na próxima sexta-feira a feira de Viana do Castelo abrirá", declarou o autarca ao "Jornal de Notícias", referindo que, a partir do momento em que haja orientações da Direção-Geral de Saúde (DGS), as câmaras municipais vão avaliar "se os espaços são compatíveis, se é preciso fazer as feiras noutros espaços ou em mais que um dia". "Vamos ver, de acordo com a lei que sair, como é que as feiras se vão organizar", disse.
Em causa estão, segundo José Maria Costa, não só a feira de Viana do Castelo, como todas as outras na região do Alto Minho. "Se houver autorização do Governo para abrir, claro que queremos reabrir, porque é uma atividade económica importante. Há muitas famílias e empresas que vivem desta situação e eu e os meus colegas temos o maior interesse em reativar as feiras, mas dentro das normas e cumprindo as orientações da DGS", concluiu.