<p>Até ao dia de Reis, 6 de Janeiro, a freguesia de Garfe, na Póvoa de Lanhoso, recebe 15 presépios em tamanho real, tantos como os lugares da aldeia. O pároco pediu à população para "fazer o Natal na rua" e o povo fez-lhe a vontade.</p>
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"Façam o Natal na rua", a mensagem passada pelo padre Luís Fernandes, pároco de Garfe, Póvoa de Lanhoso, há oito anos atrás, continua a dar frutos. Este ano, os 15 lugares da aldeia de Garfe, construíram 15 presépios, em tamanho real, vestidos a rigor e com as mais diversas figuras do quotidiano da aldeia. Cada presépio tem cerca de 60 imagens feitas com uma armação em ferro e, posteriormente, cobertas com cimento. As roupas são costuradas e bordadas pelas mulheres da freguesia numa concorrência "saudável" entre os vários lugares da freguesia que tem cerca de 1500 habitantes.
"Vivemos numa terra muito solidária e hospitaleira, sem grandes rivalidades entre quem faz o melhor ou o maior presépio", referiu José Couto, um dos autores do presépio da Igreja. Fernando Vieira, é um dos que mais trabalha para a elaboração das figuras. Ele e os vizinhos fazem "a armação em ferro para Nossa Senhora, S. José e o menino Jesus". Depois, o ferro é coberto e moldado com cimento. O peso e o tamanho das figuras obriga a que sejam transportadas para o local do presépio por gruas ou tractores.
Na representação que ocupa, normalmente, um quintal ou um espaço público de grandes dimensões, estão também os mais diversos animais e as mais diversas profissões. O pormenor das figuras vai ao ponto de colocar uma ligeira maquilhagem nas figuras femininas e barba e patilhas nos homens. Os locais para os animais (em cimento) comerem, os repuxos, as ruas, o padre, o padeiro, os ricos e os pobres, todos têm lugar no presépio.
"As imagens começam a ser pensadas em Janeiro e depois, durante o ano, nos tempos livres, vamos fazendo o presépio", disse Fernando Vieira, co-autor do presépio do lugar da Quintã.
Em alguns casos, a diversidade e a quantidade de figuras "ofusca" as três personagens principais do presépio. No lugar da Quintã, a gruta da Natividade, o Rio Jordão e o Mar da Galileia foram pensados e executados ao pormenor.
Até ao dia 6 de Janeiro, dia de Reis, na freguesia de Garfe são esperados milhares de visitantes. Um dos mais curiosos foi feito pelos moradores do lugar do Cilindro. Um campo agrícola foi transformado num enorme presépio, forrado a musgo. Uma pequena tasca, com quatro homens a jogar às cartas, um carro de bois a transportar espigas, o malhar das espigas, os pastores, as oliveiras e o varejar das azeitonas são representações feitas para o presépio. Os custos são suportados pelos moradores de cada lugar que se juntam para trabalhar e para comprar o que for preciso.