Foi craque de andebol, fundou o S. Bernardo, fuma três maços de SG Filtro por dia e trabalha todos os fins de semana. Élio Maia, professor de Filosofia reformado, fala da cidade a que preside há oito anos.
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Filho de um agricultor, Élio Maia nasceu em 1954, em S. Bernardo, a freguesia onde cresceu, durante 16 anos a fio foi presidente de Junta e onde ainda vive com a mulher Rosa, e o filho, de 23 anos, a acabar o mestrado em Engenharia Civil na Universidade de Aveiro.
Freguesia eminentemente rural, S. Bernardo ganhou visibilidade devido ao clube homónimo, uma das glórias do andebol nacional, e que tem as impressões digitais do presidente da Câmara de Aveiro espalhadas por todo o lado.
Élio tinha 15 anos, jogava andebol no Galitos e estudava na Escola Industrial (atual Mário Sacramento), quando fundou o S. Bernardo, de que ainda é o sócio n.O1, ultrapassando assim o impasse gerado num conversa com dois amigos que não sabiam se haviam de jogar no Galitos ou no Beira-Mar.
"O nosso primeiro equipamento era todo preto, pois assim poupávamos nas lavagens. O padre Félix arranjou-nos um terreno para jogarmos. E quem nos levava para os jogos fora era o João Batata, na camioneta que durante a semana usava para transportar batatas", recorda Élio, que no S. Bernardo foi de tudo, desde fundador a presidente, passando por jogador e treinador.
Já o S. Bernardo tinha o acesso facilitado a máquinas de lavar roupa e por isso trajava de grená, quando atingiu o seu zénite, ficando em 3O. lugar no Nacional da I Divisão, atrás do Sporting e do Belenenses mas à frente do F. C. Porto, com uma equipa em que Élio - 1,86 m, 84 kg, barba hirsuta e cabeleira farta - era uma das estrelas.
Treino com sacos de batata
"Eu era um poço de energia, carregava sacos com 100 kg de batatas do meu pai. Tinha uma força descomunal. Rematava sempre para o mesmo sítio, para baixo, no lado direito, mas os guarda-redes tinham medo de meter o pé. Uma vez, um arriscou e ficou com uma lesão para toda a vida", lembra.
Após licenciar-se em Filosofia em Coimbra, Élio foi dar aulas. Andou em périplo pelo Portugal desconhecido, que começou em Cantanhede e teve escalas em Portalegre, Albergaria, Gafanha e Coimbra, até estabilizar junto de casa e debutar como presidente da Junta uma carreira que o levaria à presidência da Câmara de Aveiro.
Élio tem um estilo de vida que não segue os cânones. Fuma três maços de SG Filtro por dia (pelo menos, mas brinca com o assunto: "100% dos fumadores estão todos vivos") e faz questão de almoçar todos os sábados com o filho no McDonald's.
Desafiado para nos contar quais os sete locais prediletos da cidade a que preside há oito anos, Élio Maia revelou dois dos restaurantes onde mantém o seu físico impressionante: o Augusto dos pregos e o Batista do bacalhau.