Os bairros sociais da Maia estão em requalificação. A intenção é avançar com o segundo Plano Especial de Realojamento (PER) e com o Prohabita- requalificar, construir, adquirir - cujas candidaturas, a serem aceites, implicam 80 milhões de euros de apoios.
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Para já, três dos 42 bairros do primeiro PER foram intervencionados à conta da Câmara da Maia. O projecto avançou mas permanece o receio de que as candidaturas não sejam aceites. "O Estado não tem dinheiro e com o Plano de Estabilidade e Crescimento tem cortado no investimento para as câmaras", justifica, ao JN, Bragança Fernandes, presidente da Autarquia maiata.
Só em Junho, a título de exemplo, a Câmara sentiu "uma redução de meio milhão de euros". Ainda assim, as candidaturas foram apresentadas, visando uma intervenção que seria exequível em três anos. Agora, resta aguardar uma palavra do Governo.
Longe das questões financeiras está a população que vive nesses aglomerados habitacionais. Branca Silveira e Idvor Cabeças, ambos com 80 anos, casados para mais de 60 e a viver no Bairro de Gondim há nove, aguardam os resultados da obra.
"No Verão, não dá para ver se a humidade se foi de vez", avança Branca. Do bairro não têm grandes razões de queixa. "É só a questão da humidade, porque, de resto, tem uma vista linda e é só para os ciganos", constata Idvor. Ao lado, Branca ensaia um desvio: "Não é isso que a menina quer saber, homem. Quer é saber que nós já não temos o rendimento mínimo. Eles tiram tudo à gente". O marido responde: "Está calada, a gente aqui vive até muito bem e gostamos da outra vizinhança, não há guerras".
O Bairro de Gondim não está isolado e parece funcionar em harmonia com a restante vizinhança. "A ideia é continuar a investir em bairros que não sejam guetos. Queremos que estejam integrados na restante malha urbana", declara Bragança Fernandes.
Na Maia, a partir do primeiro PER - que contabiliza 14 anos - os bairros sociais não ultrapassam os 60 fogos. Tudo o que é de maior dimensão foi construído em anos anteriores.
Um exemplo disso é o bairro do Padrão, em Moreira da Maia. São três equipamentos, entre outros prédios e vivendas, cuja fachada foi toda requalificada recentemente. "Gosto de aqui morar. É pequenino, não há chatices com vizinhos, é só a questão da humidade...", lamenta Maria Antónia. A vizinha, Maria Fernanda, moradora há 16 anos, resume: "Está num sítio muito bom, perto de tudo e de todos".
No Meilão, o cenário é diferente. O bairro é muito maior, assemelhando-se à imagem típica de um empreendimento social, mas, ainda assim, parece integrado. Fora a humidade, não há grandes queixas. "O plano é requalificar tudo isto e fazer mais porque é preciso. Esperemos que as candidaturas sejam aceites", conclui Bragança Fernandes.