A freguesia mais endividada do concelho de Aveiro, São Jacinto, vai a votos no próximo domingo. As eleições intercalares, motivadas pela demissão do executivo da Junta, são disputadas por quatro candidatos. E todos garantem ter como prioridade resolver a situação financeira da freguesia, cujas dívidas se estima que ultrapassem os 300 mil euros.
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Primeiro, foram as penhoras que começaram a cair na Câmara, por parte de fornecedores a quem a Junta devia, obrigando o Município a suspender a delegação de competências. Depois, os atrasos na prestação de contas - sendo que as de 2021, que deviam ter sido entregues à Câmara em abril, ainda não foram. A isso juntou-se o facto de o Município ter tornado público, em julho, que a Junta teria ocultado uma dívida de 200 mil euros à Águas da Região de Aveiro.
A freguesia de São Jacinto tem 758 habitantes (383 homens e 375 mulheres), segundo os resultados provisórios do Censos de 2021. Comparativamente com 2011, em que foram registados 993 moradores, perdeu 23,7% da população.
Ribau Esteves (PSD-CDS-PPM), presidente da Câmara, optou então por retirar a gestão do parque de campismo à Junta, levantando suspeitas de "indícios de gestão danosa" por parte de António Aguiar (PS), o presidente da Junta que havia sido reeleito para o mandato em setembro do ano passado. Pouco depois, Aguiar acabou por apresentar a renúncia. Arlindo Tavares (PSD/CDS/PPM), António Nabais (CDU), José Ferreira Leite (PS) e Ricardo Lemos (Chega) vão domingo a votos.
Prioridades
As dívidas da freguesia são, de forma unânime, a prioridade de todos os candidatos. Arlindo Tavares - que nas últimas eleições conseguiu 211 votos, contra os 244 de António Aguiar - estima que as mesmas ultrapassem os "350 mil euros". "Temos de resolver as contas e de libertar as penhoras sobre a delegação de competências. Depois, sim, pensar em áreas como a saúde ou o turismo", sublinha o candidato, para quem é urgente "uma auditoria às contas da Junta".
Vinte e nove fizeram a diferença nas eleições para a Assembleia de Freguesia em 2021. O PS-PAN conseguiu 240 votos, enquanto o PSD-CDS-PPM obteve 211. O PCP-PEV teve 102 votos e o Chega só teve um.
José Ferreira Leite, o independente que concorre pelo PS, também defende a auditoria. Sem querer apontar responsabilidades diretas ao seu antecessor, diz que pretende "perceber bem como é que as coisas funcionam, para não se cometer eventuais erros que possam ter sido cometidos". Depois tem o turismo como principal aposta.
António Nabais, que já tinha sido eleito para a Assembleia de Freguesia nas duas últimas eleições, volta a candidatar-se pela CDU. Estima que as dívidas possam "ascender a meio milhão de euros" e garante que vai continuar a lutar por "habitação digna", pela saúde, "numa freguesia que apenas tem médico oito horas por semana", pela educação, pela ação social e pelos transportes.
Ricardo Lemos, do Chega, partido que apenas teve um voto em 2021 para a Assembleia de Freguesia, diz querer "acabar com o nível de corrupção, que é muito grande".