"A maldição do Porto": em Espanha, associa-se o fim de relações a passeios à Invicta
Psicóloga espanhola desmonta mito criado nas redes sociais sobre suposta "maldição" sobre casais espanhóis que visitam o Porto.
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Foi ontem notícia no "La Vanguardia": o jornal catalão escreve que, nos últimos anos, se popularizou a crença de que muitos casais terminam as relações pouco depois de viajarem para o Porto, um fenómeno batizado pelos internautas espanhóis como "la maldición de Oporto" (a maldição do Porto, em português). O que começou por ser um mito a ganhar lastro nas redes sociais chegou à imprensa, que desmontou a ligação entre os passeios pela cidade Invicta e o infortúnio do desamor.
Citada pelo jornal espanhol, a psicóloga Alejandra de Pedro, bastante influente no TikTok, analisou o padrão e explicou que, longe de ser uma maldição, como dita o mais elementar bom-senso, o fim dos relacionamentos pode dever-se a fatores mais racionais relacionados com evolução natural das dinâmicas de casal. A "correlação não implica causalidade", resumiu a profissional, explicando que o facto de haver vários casais a visitarem a cidade portuguesa e a separarem-se depois não significa que o Porto seja a causa direta dessas separações.
O que pode acontecer é o seguinte, diz a especialista: o Porto costuma ser um destino escolhido por casais espanhóis que estão juntos há entre um e três anos, período em que, cientificamente, a química do enamoramento começa a mudar e a paixão a esmorecer. Nessa fase, o cérebro para de libertar altos níveis de dopamina e serotonina, hormonas responsáveis pela euforia dos primeiros meses de relação, o que faz com que a "lua de mel" desapareça.
Como resultado, as falhas de cada pessoa tornam-se mais percetíveis e detalhes antes ignorados ganham importância. "Deixamos de pensar 'que engraçado, ele é um pouco distraído com o telefone' para dizer 'ele nunca atende o telefone e eu não o suporto'", explica a especialista. É também nos primeiros anos de relacionamento que os casais geralmente enfrentam questões mais profundas sobre o futuro, começando a questionar-se se serão compatíveis a longo prazo.
No fim de contas, a "culpa" do fim das relações não é, naturalmente, do destino que os casais elegeram para uma escapadinha de fim de semana ou férias.