Organização Mundo a Sorrir dá resposta a pessoas com carências socioeconómicas em cinco gabinetes no país. Mais de 11 mil já beneficiaram do serviço.
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Carmélia, Horácio e Amândio não se conhecem, apenas se cruzam por vezes no consultório onde fazem os tratamentos dentários, mas têm a ligá-los histórias de vida tão difíceis como complexas. Os três tiveram percursos recheados de desafios, provações e percalços que lhes fizeram desaparecer o sorriso - porque deixaram de ter motivos para isso e porque ficaram sem dentes. Agora, estão a conseguir recuperá-lo com a ajuda da Mundo a Sorrir.
"Andei no mundo das drogas e do álcool, mas libertei-me. Quando me vi ao espelho percebi como estava desleixado e os dentes tinham apodrecido. A vida da rua aniquila tudo", diz ao JN Amândio Costa, 62 anos, um dos beneficiários do gabinete da Mundo a Sorrir em Braga. Desassombrado, conta que viveu na rua e nas instalações da Cruz Vermelha, mas que se conseguiu "endireitar". Agora tem uma casa, uma pensão de invalidez e "objetivos para cumprir". Um deles é melhorar a imagem. "Desde que comecei a tratar os dentes, ando mais animado, mas às vezes ainda evito sorrir, porque penso que se podem rir de mim", admite o antigo carpinteiro.