A associação ambientalista "Famalicão em Transição" quer que sejam suspensos os trabalhos em curso para a construção de uma Central Fotovoltaica na zona de Vilarinho das Cambas e Outiz, em Famalicão e seja feita a "recuperação ambiental e paisagística". Aponta que foram abatidos sobreiros e alguns carvalhos alvarinhos e que "qualquer intervenção nesta área deveria ser cuidadosamente gerida".
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A Câmara de Famalicão já veio a público dizer que a nova central fotovoltaica "cumpre todos os requisitos legais e tem todos os pareceres favoráveis exigidos".
A "Famalicão em Transição" considera que o concelho "sofreu uma perda irreparável do seu património ambiental, paisagístico e cultural" com o abate destas árvores. "Foi arrasada uma extensa mancha de sobreiros e alguns carvalhos alvarinho, numa área incluída em Reserva Ecológica Nacional e que abrange as "cabeceiras das linhas de água" e "áreas com risco de erosão". Em comunicado a associação refere que este abate tem de ser autorizado pelo Instituto de Conservação da Natureza e que se trata de uma "uma área com uma orografia muito sensível, devido ao grande declive e exposição às massas de ar marítimas carregadas de humidade. Qualquer intervenção nesta área deveria ser cuidadosamente gerida. Infelizmente, no local verifica-se que o solo foi totalmente revolvido, pontuando crateras em resultado do arranque das raízes de árvores adultas".
A Autarquia famalicense refere em comunicado que a central fotovoltaica está a nascer em terrenos privados para a produção de energia verde, e antes de ter sido pedido o licenciamento urbanístico na Câmara já havia autorização da Direção Geral de Energia e Geologia e "pareceres favoráveis" da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Infraestruturas de Portugal (IP), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. "Seguiu todos os trâmites legais e exigiu e respeitou todos os pareceres técnicos necessários a um processo de licenciamento normal", avança o município.
"Decorrentes da legislação nacional e europeia aplicáveis a Câmara Municipal vai receber uma compensação superior a 500 mil euros pelo Fundo Ambiental", lê-se no comunicado que acrescenta que a empresa "está obrigada à integração paisagística da central e à reposição do dobro da mancha florestal em localização a indicar pelo município".
A Câmara de Famalicão aponta ainda que "não será ocupada a totalidade do terreno com os painéis solares. Parte da mancha florestal existente será preservada, sendo destinado igualmente áreas de reconversão florestal". "Foi autorizado pelo ICNF o abate de 86 sobreiros adultos e de 205 sobreiros jovens", conclui.