Chega ao fim nesta quarta-feira o ciclo de conferências dinamizado pela Federação Académica do Porto (FAP), em parceria com o JN, no âmbito do Ano Europeu da Juventude. "Sustentabilidade e ação climática" é o tema em debate, a partir das 18 horas, no Centro de Congressos da Alfândega. A data não foi escolhida por acaso: coincide simbolicamente com mais uma cimeira da ONU sobre alterações climáticas, que decorre no Egito.
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Muitos serão os contributos dos três oradores convidados, dada a diversidade das áreas a que se dedicam - dos oceanos ao estudo do maior escaravelho existente no país, passando pela consciencialização dos jovens para o ativismo.
Disso mesmo irá falar Islene Façanha, de 36 anos, coordenadora nacional do projeto Ativa ClimACT, que tem matriz europeia e é dinamizado entre nós pela Zero-Associação Sistema Terrestre Sustentável. Apesar de considerar que os jovens portugueses estão "cada vez mais a abrir os olhos" para o problema das alterações climáticas - sobretudo desde a greve climática estudantil -, a responsável acredita que podem fazer mais, a nível de "pressão pública" e de envolvimento "nos processos de decisão, como as petições".
A conferência será também uma oportunidade para se ficar a conhecer iniciativas como Vacaloura.pt, Gigantes Verdes ou a associação Verde, impulsionadas por João Soutinho. Dirigente associativo desde os 20 anos (agora tem 27), desenvolve uma boa parte do seu trabalho em Lousada, um dos concelhos onde ocorre o maior escaravelho de Portugal. Trata-se da espécie vaca-loura, que, para sobreviver, precisa de árvores de grande porte, em particular carvalhos.
Uma coisa leva à outra, por isso a investigação de João Soutinho é muito abrangente e incluiu, por exemplo, o mapeamento de espécies arbóreas no concelho. Outra das vertentes visa "encontrar novos meios para a valorização destas árvores", através da compensação da pegada carbónica, que tenta obter junto de empresas e de particulares.
Por fim, os oceanos. Será Eugénia Barroca, de 28 anos, a dar a conhecer as preocupações da Sustainable Ocean Alliance, uma organização não governamental com sede nos EUA e que opera em 165 países. Representante dos estados lusófonos e europeus nesse organismo, a oradora considera que, perante a herança de um "planeta em declínio" e a necessidade de "restaurar a saúde do oceano", é preciso incentivar os jovens a acelerar as soluções.
Essa organização está a fazer uma campanha a favor de "uma moratória à exploração mineira no mar profundo". É que o problema dos oceanos vai muito para além dos plásticos: acidificação das águas, aumento da temperatura e desaparecimento de espécies marinhas são apenas alguns.
Em jeito de balanço, Ana Gabriela Cabilhas refere que a FAP, da qual é presidente, "promoveu um debate acessível sobre os desafios com que se deparam os jovens". Acrescenta que as conclusões deste ciclo de conferências serão enviadas ao Governo "para que as reflexões se traduzam em ações que deixem um legado positivo neste Ano Europeu da Juventude".
Da democracia aos novos desafios dos jovens
"Democracia e liberdade" foi o tiro de partida deste ciclo de debates. Em Matosinhos, uma presidente de Câmara experiente (Luísa Salgueiro) e uma jovem presidente de Junta (Isabel Guedes, de Eja, Penafiel) falaram sobre o papel dos jovens na vida política. Na segunda ronda, debateu-se no Porto o tema "Desafios presentes e do futuro da juventude em Portugal e na Europa". Dessa vez, os convidados foram a eurodeputada Lídia Pereira, a estudante de Direito Rita Santos e o músico Nuno Lanhoso. Dado o atual contexto internacional, o debate acabou por abordar temáticas como a pandemia, a guerra na Ucrânia e a crise económica que já se faz sentir em diversos países.