Dos conselhos aos proprietários à sala onde os militares veem as ocorrências em direto.
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Fardado como um GNR, o lince-ibérico adotado como mascote do SEPNA - a lembrar que essa é uma espécie animal em vias de extinção - chama a atenção para o cartaz em que o aviso se lê em letras garrafais: "Limpe os seus terrenos. É obrigatório". Sorridente, o enorme boneco é o guardião do stand montado na Feira Anual da Trofa, que os militares do Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) de Santo Tirso aproveitam para poder "estar perto das pessoas e passar a mensagem".
A missão é "reduzir o risco de incêndio e despertar consciências", sublinha a major Carla Passeira, lembrando que a sensibilização e divulgação de informação é a primeira fase da atuação da GNR e decorre ao longo de três meses, até 30 de abril, data limite para os proprietários procederem à limpeza dos terrenos. Com lavradios em Vimioso, António Ladeira está ciente das suas obrigações, mas ouve atentamente os conselhos dos guardas-florestais e não deixa o stand do SEPNA sem um panfleto com mais informação. "A ideia é reduzir o número de ignições", diz o sargento-ajudante Fernandes, que chefia o NPA de Santo Tirso e, em colaboração com a Secção de Policiamento Comunitário do Destacamento, aproveita as visitas das escolas à feira para sensibilizar os mais novos. "A brincar, eles levam a mensagem para casa", diz o cabo Henrique Vicêncio, daquela secção.
É em várias frentes que a GNR trava, até ao final de novembro, o combate aos fogos florestais, numa "intervenção transversal" que começa na prevenção, através da sensibilização e da fiscalização, e termina no ataque às chamas e investigação das causas. Antes, passa pela vigilância e deteção, feitas através de uma ampla rede que contempla a videovigilância, postos de vigia espalhados pelo distrito, patrulhamento - de carro, moto ou a cavalo - e vigilância aérea. É nesta fase que atuam os militares que estão na Sala de Situação do Comando do Porto, onde chegam as imagens captadas pelas câmaras colocadas nas florestas de maior dimensão, permitindo uma deteção precoce de fogos e o acionamento imediato de meios de combate, que podem incluir a GNR através da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro.
Videovigilância
"A videovigilância é um complemento à vigilância fixa e terrestre, e acaba por ser o meio para confirmar se a informação do patrulhamento se verifica ou não. Ou para despistar falsos alertas", explica Carla Passeira. "É um meio com grandes potencialidades", observa, enquanto o sargento-chefe Osório evoca os fogos que assolaram o distrito em setembro passado. "Vimos vários ao mesmo tempo, em direto", recorda o chefe da Sala de Situação, que não esquece a imagem dos ecrãs pintados a vermelho, com "os pontos de calor" detetados pelos sensores térmicos das câmaras. "Com este sistema, somos mais rápidos a detetar incêndios e conseguimos ver no mapa o ponto exato, para direcionar os meios", explica. As câmaras dão "a noção visual dos ventos e progressão dos incêndios, para apoiar a deslocação de meios no terreno".