Director do Aeródromo de Évora não encontra razões aparentes para a queda.
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"Um acontecimento estranho". Foi assim que Lima Bastos, director do Aeródromo de Évora descreveu a queda de uma aeronave que vitimou, anteontem, terça-feira, à noite, três homens, perto da aldeia de Sete, em Castro Verde.
"Estava uma noite calma, não havia mau tempo". Segundo Lima Bastos, estes voos de instrução eram "normais" e as causas da queda são desconhecidas. O avião terá saído de Évora em direcção a Sevilha, daí para Faro, e novamente para Évora.
A aeronave, um bimotor Piper com matrícula belga, pertencia à Academia Aeronáutica de Évora (AAE), uma escola profissional de pilotos instalada no Aeródromo de Évora.
Durante todo o dia de ontem, os bombeiros de Castro Verde e a GNR do destacamento de Almodôvar estiveram no local para preservar a zona dos destroços, enquanto esperavam pela equipa do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos (GPIAA), que iniciou o processo de investigação do acidente.
"Procuramos dar prioridade à investigação sobre as causas da queda da avioneta, mas mantendo sempre o rigor técnico", salientou Fernandes dos Reis, director da GPIAA. "O número de acidentes merece uma reflexão muito importante", disse. Só em 2009 já se registaram oito mortos na sequência de quedas de avionetas.
O presidente da Câmara Municipal de Évora, José Ernesto Oliveira, garantiu que "estão asseguradas todas as condições de segurança, tanto nas movimentações em terra como no ar" no aeródromo para a realização do Portugal Air Show, festival aéreo marcado para o próximo fim-de-semana.
As vítimas mortais que resultaram do acidente eram do sexo masculino, dois holandeses, de 19 e 20 anos, e um instrutor espanhol, de 27 anos. Os três cadáveres foram removidos para a morgue do hospital de Beja.
A queda provocou uma romaria de curiosos ao local, na madrugada e manhã de ontem. Jorge Guerreiro, 42 anos, morador na aldeia perto da qual caiu o bimotor, estava na rua, junto ao centro cultural e recreativo, quando, por volta das 22 horas, "ouviu passar" uma aeronave muito baixo e com um "trabalhar estranho".
"Depois ouvi duas explosões, a primeira maior e a segunda mais pequena", contou, recordando que, a seguir, ouviu "um terceiro estrondo". Jorge Guerreiro foi logo a casa buscar a moto para começar "a bater a zona" do acidente, até que chegou ao cimo de um monte e viu um primeiro destroço.
Na mesma altura, tinha acabado de chegar do trabalho Duarte Fernandes, 29 anos, quando à conversa com vizinhos ficou a saber do acidente. "Eu e outras pessoas fomos logo para a zona, até que encontrámos destroços, um rapaz e um sapato", sublinhou.
Minutos depois, as autoridades iniciaram as buscas no terreno. Na zona onde a aeronave se despenhou, no local de Pego da Volta, não era visível qualquer ponto de impacto em concreto. Os destroços ficaram espalhados por uma área de cerca de dois quilómetros.