Acidente na A28: Cadete da Escola Superior de Polícia vai hoje a enterrar
<p>Uma rotina de anos foi abruptamente interrompida num acidente de contornos ainda pouco precisos, na A28, em que perderam a vida um subcomissário e um aspirante da PSP. Dois outros aspirantes sofreram ferimentos, mas estão livres de perigo.</p>
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A dois passos do centro da Póvoa de Lanhoso, a família Antunes despertava, ontem, para um pesadelo que consumiu a noite. O mais jovem elemento da família tinha visto interrompido um percurso de vida repleto de objectivos. Sérgio Ribeiro Antunes tinha 26 anos. Como todos os domingos, aguardava em Barcelos (terra onde reside a namorada) a boleia do colega Amaral, residente em Braga. Dali, os dois cadetes da Escola Superior de Polícia (frequentavam o último ano) seguiam para Apúlia, onde apanhavam os restantes elementos do grupo: Gil e Carolina. Ele subcomissário e comandante da Esquadra de Trânsito da Divisão Policial de Loures e ela cadete na ESP. Namoravam e tencionavam casar ainda este ano.
Carolina acabou por ter alta, ao final da manhã de ontem, e Amaral, o condutor, foi operado aos membros inferiores, ontem, no hospital de Braga.
Em Calvos, Póvoa de Lanhoso, a família Antunes recolhia-se na dor e toda a freguesia estava submersa por um manto de silêncio respeitador. "Há poucas pessoas como o Sérgio. Sabia estar com qualquer pessoa e era muito educado", adiantava o presidente da Junta, José Vaz Costa.
Para a família era tudo isso e muito mais. Na voz embargada da cunhada Maria do Céu, o Sérgio tinha todas as qualidade que geram empatia fácil.
"Era muito responsável e educado. Preocupava-se muito com a família. Ligava a meio da semana para saber se estávamos bem e dizer que ele estava bem", lembra Maria do Céu, logo despertando para a dor que desfaz a memória.
E no desfiar de momentos felizes que perdurarão, Maria do Céu guarda a memória do carinho que Sérgio empregou na compra do computador para o afilhado. "Sempre que tínhamos uma avaria, ligávamos e ele, com toda a paciência, explicava tudo".
Às qualidades de Sérgio falta acrescentar a "vontade com que abraçou o projecto da PSP. Foi para Lamego e depois optou pela carreira na PSP. No que se metia tinha de vingar e era um dos melhores alunos", diz a cunhada.
Sobrevivente em choque
Natural de Apúlia, Esposende, Carolina está a ser acompanhada, no seio da família,. "A Carolina está muito transtornada. Eles faziam esta viagem todas as semanas. Quando saímos do hospital ela disse-me que viu um cão a atravessar à frente do carro. Adiantou que depois foi tudo muito rápido e só se lembra dos gritos. Ainda chamou o INEM", disse ao JN um familiar da jovem cadete.