<p>Um barco de pesca afundou-se ao largo da Figueira da Foz e os nove tripulantes, todos das Caxinas, Vila do Conde, foram resgatados. Depois de horas no mar, chegaram a casa sãos e salvos e foram recebidos, com muita emoção pelas famílias. </p>
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"Obrigado, Senhor dos Navegantes!". Em frente à Igreja do padroeiro dos pescadores, Maria das Dores Fangueiro repete a frase com os olhos postos no céu, enquanto espera o filho, um dos nove tripulantes que naufragou a bordo do "Luís Fortunato".
A embarcação de pesca, que seguia para Vigo, foi ao fundo a 200 milhas da Figueira da Foz. Os nove pescadores acabariam salvos pela Força Aérea e por um navio com bandeira de Hong Kong. Carlos Manuel, Bruno Marques, António Cascão, Francisco Xavier, António Tato, Claudino Manuel, Vítor Vieira, Tiago Novo e Salvador Craveiro não ganharam para o susto.
"Foi um milagre! Quando soube, desmaiei. Pensei que ele tinha morrido", diz Assunção Marques, carregando ao colo o neto, filho de Bruno Marques, de 31 anos, um dos pescadores que quase perdeu a vida. Ansiosos, pais, filhos, irmãos e sobrinhos esperavam a chegada dos nove pescadores, que haveria de acontecer, entre gritos e lágrimas, às 19.30 horas. Chorou-se muito, no coração da maior comunidade piscatória do país, mas, ao contrário do que é habitual, desta vez as lágrimas foram de alegria.
Exausta, depois de uma noite inteira a lutar pela vida, a tripulação preferiu remeter-se ao silêncio. Mas a felicidade de estar vivo estava estampada em cada rosto.
Marinha recebeu alerta
José Festas, presidente da Associação Pró Maior Segurança dos Homens do Mar, que acompanhou a viagem de regresso a casa da tripulação, numa carrinha cedida pela Câmara do Montijo a pedido da autarquia de Vila do Conde, contou que, a bordo do "Luís Fortunato", o alerta foi dado entre as 22.30 horas e as 23 horas: o barco começava a meter água.
Em comunicado, a Marinha afirma que, às 1.28 horas, recebeu um primeiro sinal de socorro emitido pelo radio-baliza da embarcação. Embora sem uma localização precisa do barco, deu início às operações. Cerca das 3.30 horas, a tripulação pediu ajuda e a embarcação de pesca do espadarte afundou. Já com a localização, a Força Aérea começou as buscas.
"Rezaram, choraram, riram, mas acreditaram sempre que iam ser salvos e mantiveram a calma", explicou José Festas, acrescentando que foi esse estado de espírito, a par com o "bom equipamento" do barco no que toca à segurança, que ajudou a tripulação a superar as horas de espera no mar.
"Foi um grande susto. Felizmente acabou bem", afirmou o presidente da Câmara de Vila do Conde, Mário Almeida, que se juntou à família para receber a tripulação e, durante todo o dia, ajudou com as burocracias.
Pelas 5.58 horas, o navio mercante "Saga Enterprise", com bandeira de Hong-Kong, avistou as duas balsas. Dois tripulantes foram resgatados, pouco depois, pelo EH-101 da Força Aérea e os restantes pelo navio mercante. Ali aguardaram pelo regresso do helicóptero, que se viu forçado a regressar à base para reabastecer. Chegariam ao Montijo às 14 horas.
Devido a uma onda, "a embarcação ficou suspensa no ar e ao embater na superfície da água, abriu-se um rombo no casco", afirmou, à Lusa, o tenente-coronel António Moldão, piloto do EH-101, que atribui o acidente às adversas condições de mar.