Acidente, que aconteceu em junho do ano passado, provocou a morte aos dois pilotos, de 43 e 67 anos.
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O excesso de confiança e a prática de acrobacias indevidas, para as quais os pilotos não estavam habilitados, terão estado na origem da queda do ultraleve no Aeródromo José Ferrinho, em Leiria, em junho do ano passado, concluíram os investigadores do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF). Na sequência do acidente, a aeronave incendiou-se e os dois pilotos morreram carbonizados.
O voo tinha como objetivo mostrar o ultraleve a Nélson Machado, de 43 anos, que estava interessado em comprá-lo, para que nesse mesmo dia se procedesse à conclusão do negócio. Porém, segundo o relatório do GPIAAF, "o piloto que demonstrava a aeronave [Manuel Santiago, 67 anos] evidenciou um comportamento de excesso de confiança na repetida execução de manobras não aprovadas para o modelo" de aeronave, e para as quais não estava habilitado. E terão sido essas acrobacias, "realizadas com atitudes de voo pronunciadas a baixa altitude, associadas à falta de treino e qualificação em voo acrobático do piloto instrutor", os fatores-chave para o acidente.
Manuel Santiago tinha experiência na pilotagem de ultraleves e até de aeronaves ligeiras, mas pelos dados e testemunhos recolhidos pelos investigadores, apurou-se que já tinha estado "diretamente envolvido em diversos acidentes e incidentes no passado, evidenciando desrespeito pelas regras de segurança operacional e atitudes temerárias em voo".
O acidente, recorde-se, ocorreu no dia 9 de junho de 2019, pouco depois das 15 horas. Após 45 minutos de voo, o ultraleve, modelo Bristell, fez uma passagem baixa pela pista, iniciou uma subida pronunciada, com volta ligeira à esquerda, e despenhou-se num pinhal próximo do aeródromo.
Ao pormenor
Dados discrepantes
Os investigadores constataram discrepâncias nas características físicas da aeronave acidentada, em relação aos dados fornecidos para obtenção da autorização de voo.
Recomendação
O GPIAAF recomenda aos fabricantes de aeronaves que estudem em detalhe as características dos produtos, por forma a divulgar as limitações operacionais de forma clara.
Lições a retirar
Como lições a retirar deste acidente, os investigadores destacam a oportunidade para os fabricantes e autoridades de certificação melhorarem o seu desempenho, e para os pilotos adotarem uma postura responsável.