A Câmara de Vila do Conde havia anunciado para esta segunda-feira o regresso do estacionamento pago em 368 lugares, mas, afinal, as máquinas, novinhas em folha, continuam “fora de serviço”. A autarquia explica que houve “um problema técnico-administrativo”, mas espera ter tudo em funcionamento até ao final da semana.
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O regresso dos parcómetros ao centro de Vila do Conde está a dividir a população: quem ali trabalha queixa-se do custo acrescido, já quem tem que ir ao Tribunal ou ao Registo Civil aplaude a medida que vai trazer rotatividade e mais lugares livres.
“Para quem trabalha aqui todos os dias é complicado. É mais um custo e os salários, em Portugal, não são altos”, diz Maria Ribeiro, que há um ano trabalha na loja Quebramar, nas traseiras do Tribunal, uma das zonas que vai passar a ser paga. Esta segunda-feira, a contar com o anunciado regresso, estacionou o carro noutra zona. Foi surpreendida pelo aviso colocado nas máquinas.
Na envolvente do Tribunal, funcionam os Registos Predial e Civil, a Unidade de Saúde Pública, várias sucursais bancárias e lojas. Arranjar um lugar é “uma dor de cabeça” e, quase todos os dias, há carros em segunda fila.
“Já tem acontecido ir quase até à praia [a 500 metros] para estacionar! Acho que vai ajudar à rotatividade. Claro que ninguém gosta de pagar, mas se queremos ter espaços vagos tem que ser”, argumenta José Fontes, lembrando que é a “zona da cidade mais difícil para estacionar”.
45 cêntimos por hora
Jorge Casimiro é o responsável pela Escola de Artes da Vila, ali sediada. Acredita que, para o comércio, a medida será “positiva”. Explica que, às vezes, há carros que ficam estacionados “três e quatro semanas seguidas”. Com parcómetros e, “desde que não haja preços exorbitantes”, as lojas “só vão beneficiar”.
Os parcómetros foram desligados em 2020, na altura da pandemia. Agora, como forma de “disciplinar o estacionamento” e “facilitar o acesso ao comércio e serviços”, a autarquia decidiu reativá-los. Aos 276 lugares que, até 2020, eram pagos junto ao Tribunal e à Câmara e nas ruas das Finanças, do hospital da Misericórdia e dos Correios, juntar-se-ão mais 92 do Parque do Neiva (nas traseiras do Teatro Municipal). Serão 45 cêntimos à hora e um máximo de duas horas.
“É a única forma! Senão os espaços estão sempre ocupados e, quem vem aqui tratar de algum assunto, nunca tem lugar. Esta zona é muito complicada e o valor também não é assim tão alto”, considera Filomena Aragão, de 64 anos.
Maria Ribeiro, de 49 anos, tem uma opinião diferente: “Acho que é uma péssima ideia! Já é complicado estacionar aqui e vai piorar. As pessoas que vêm fazer compras até desistem porque sabem que têm que pagar para estacionar”.