Os trabalhadores da Cerâmica de Valadares, em Gaia, deliberaram, esta segunda-feira, em plenário parar a laboração até receberem os salários de Dezembro e Janeiro. A adminstração está em Lisboa a negociar uma encomenda que pode salvar a empresa e diz que produção não vai parar, porque há encomendas.
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Manuel Miguel Mota, do Sindicato dos Cerâmicos do Norte, disse à Agência Lusa que "os trabalhadores decidiram não ir trabalhar enquanto não receberem", tendo ainda deliberado permanecer concentrados frente à instalação da fábrica até serem recebidos pela administração.
Segundo fonte da administração da Cerâmica de Valadares, a produção não vai parar. Estão concentrados à porta da empresa cerca de 50 trabalhadores, "essencialmente pessoal de armazém", dos 420 empregados da empresa, argumentou a mesma fonte, confirmando que os dirigentes estão em Lisboa a negociar uma encomenda que pode ser determinante para salvar a empresa.
Ao que o JN apurou, o maior problema da Valadares não é falta de encomendas, mas sim de financiamento para comprar matérias primas para poder cumprir com as encomentas e para pagar salários e a fornecedores.
A empresa está muito virada para a exportação, nomeadamente para os mercados asiático e africano, e tem muitas encomendas para cumprir, mas a falta de financiamente tem emperrado a produção, que esteve já paralisada no final de Dezembro, devido à falta de dinheiro para pagar o gás. Na altura, estavam também já em atraso os salários de Novembro e Dezembro e o subsídio de natal.
Em meados de Janeiro, a administração da empresa informou os trabalhadores de que haveria "alguém interessado" em viabilizar a empresa, mas não avançou, desde então, mais pormenores sobre o eventual negócio.
Apesar de garantir estar "a ser feito tudo o que é possível" para resolver os problemas da Cerâmica de Valadares, a administração da empresa terá já deixado claro aos trabalhadores que a actual situação financeira "é negra".
Recentemente, o vice-presidente da câmara de Gaia, Firmino Pereira, apelou, em declarações à Lusa, à intervenção do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, na viabilização da unidade.
Firmino Pereira disse aguardar uma "intervenção diplomática" de Paulo Portas junto de um fundo internacional que "está interessado em entrar no capital da Cerâmica de Valadares" e que asseguraria a "saída definitiva" da empresa da situação difícil em que se encontra.