Com maior ou menor frequência, percorrem as margens de troços dos rios que adotaram em ações de monitorização ou à procura de poluição.
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Fazem manutenção e reportam problemas que, depois, são resolvidos com a ajuda de voluntários. Ao todo, mais de 50 pessoas já apadrinharam um troço de rio em Lousada, desde famílias a empresas, associações e escolas. São os "Guarda-rios".
O objetivo deste projeto do Município, que nasceu no ano passado integrado numa estratégia para a conservação da natureza e educação ambiental, passa por "melhorar o estado das massas de água em Lousada, reduzir o número de ocorrências graves e elevar a consciência coletiva acerca da importância destes ecossistemas", refere o vereador do Ambiente, Manuel Nunes.
Estão já identificados 11 cursos de água com 52 quilómetros de extensão, desde rios a ribeiras. Há 127 troços disponíveis para adoção, estando cerca de 40 já a ser alvo de monitorização. Nas várias ações realizadas foram plantadas centenas de árvores e recolhidos mais de 5000 litros de lixo do leito e das margens dos rios.
Família Costa
Filipe Costa e a família costumam patrulhar, quase todas as semanas, as margens do rio Mezio, em Casais. Ele cresceu ali e, quando soube do projeto, não hesitou em tornar-se num "guarda rios". Recebeu formação, um kit e agora faz monitorização do curso de água à procura de lixo e anomalias nos açudes. "Ter muita vegetação não ajuda à reprodução de peixe, por isso é que estamos a reduzi-la e a fazer mondas. Sempre que é necessário intervir no rio temos a ajuda de voluntários. Era importante que mais gente adotasse troços de rio", defende.
Em Meinedo, já no rio Sousa, cerca de 25 crianças e jovens de um centro de estudos costumam fazer trabalho idêntico. Desde que começaram as patrulhas detetaram sobretudo plástico. "Adotámos três troços de rio. Eles dão uma volta, veem se há lixo e preenchem uma ficha", refere Fátima Couto, explicadora. "Já conhecia o rio. Agora preocupo-me mais em protegê-lo porque percebi que está poluído", testemunha Ruben Monteiro, de oito anos. "Vinha com os meus pais aqui pescar, às vezes. Agora, pelo estado do rio, não vimos", lamenta Hugo Mendes, de 15 anos.
Com mais olhos no terreno, a identificação dos problemas é mais rápida, assim como a sua comunicação às entidades competentes e resolução. "Há muitos focos de poluição, alguns pontuais, que conhecemos e sobre os quais já atuámos. E há quem use as margens do rio como lixeiras, para pôr sofás, eletrodomésticos e sacos com entulho das obras", descreve Daniela Barbosa, bióloga que coordena o projeto.