Proximidade e bons acessos a Lisboa são atrativo para quem quer viver junto ao rio. Preço dos imóveis acima da média nacional.
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O anúncio do novo aeroporto do Montijo está a acelerar a venda de casas no Montijo e em Alcochete, principalmente os empreendimentos de luxo, onde tem havido uma crescente procura e um interesse de investidores em arrancar com projetos imobiliários que ficaram parados após a crise de 2011. Todos querem aproveitar os benefícios de um investimento da ANA Aeroportos no total de 1,15 mil milhões de euros, dos quais 500 milhões são destinados à nova infraestrutura aeroportuária na margem sul.
O investimento imobiliário de luxo, principalmente em Alcochete, está a crescer, graças ao grupo Libertas, responsável pela exploração do empreendimento "Praia do Sal", na zona ribeirinha, e o futuro Tagus Bay, junto à praça de touros. Os responsáveis da empresa consideram que o novo aeroporto do Montijo é favorável para a região e, principalmente, para quem procura habitações premium junto ao Tejo e de acessos fáceis à capital.
Apesar de não relacionar a aposta nas casas de luxo com o novo aeroporto, fonte oficial do grupo Libertas considera que será uma mais-valia. "Os terrenos foram comprados há mais de dez anos quando o aeroporto de Alcochete era o famoso "Jamais" [do então ministro das Obras Públicas Mário Lino]". O pressuposto é que o charme da vila de Alcochete, a sua proximidade a Lisboa e a sua relação com o rio "eram valências muito atrativas para futuros moradores", explica.
O empreendimento "Praia do Sal" vai ser concluído este ano e está 80% vendido. O Tagus Bay está em fase de lançamento e já está 15% comprado. O aumento da poluição sonora derivada dos aviões é um fator que pode afastar compradores, mas o grupo aponta para o cuidado elevado na acústica nas construções e refere que "algumas das zonas mais caras - e mais procuradas - de Lisboa (Lapa, Amoreiras, Campo de Ourique, Campo Grande) são sobrevoadas por aviões, e muito mais afetadas do que Alcochete que não está diretamente na rota".
Preços acima da média
Desde que a solução de Portela+1" ficou decidido - em 2015 no Governo de Pedro Passos Coelho -, o preço das casas no Montijo e em Alcochete têm vindo a subir acima da média da região e do país. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o preço do metro quadrado entre o primeiro trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2018 aumentou 16,7% em Portugal. No Montijo foi registada uma subida de 30,6% e em Alcochete atingiu os 35,5%.
Atualmente, há um crescente número de compradores tradicionais que trabalham em Lisboa e vivem do outro lado a juntar-se a investidores nacionais e estrangeiros do ramo imobiliário, hoteleiro e logístico. "Os proprietários pensam estar sentados numa mina de ouro", afirma José Calhau Branco, mediador imobiliário pela Remax no Montijo e Alcochete, que acrescenta que no momento da venda os preços acabam por ser mais moderados, devido principalmente às avaliações realizadas pelos bancos.
O valor do metro quadrado no Montijo tem vindo a aumentar mais por causa da lei da oferta e da procura do que propriamente devido à especulação financeira, diz Nuno Canta, presidente da autarquia do Montijo.
Operadores logísticos procuram terrenos
Os operadores logísticos internacionais estão já à procura de terrenos para instalar armazéns no espaço envolvente ao novo aeroporto. Companhias como a DHL, cuja atividade se baseia no transporte aéreo de mercadorias, têm planos para se instalar o mais perto possível do aeroporto, no Montijo, mas deparam-se com uma área extensa agrícola que os faz procurar até em concelhos vizinhos. Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, aponta para a revisão do PDM que vai aumentar a área industrial do Pau Queimado, no Alto do Seixalinho, mas afasta qualquer possibilidade de alteração de qualquer outra zona agrícola, junto ao aeroporto, em benefício da indústria. "Temos toda a abertura para investimento, mas não pode alterar a face do Montijo, que sempre valorizou e privilegiou a agricultura". Em Alcochete vai ser instalada uma cooperativa logística filipina, dedicada à venda de produtos agrícolas importados por via aérea, e na Moita também há procura de operadores logísticos aeroportuários.