Afinal vão nascer duas pontes à boleia do TGV e estação de Gaia será em Vilar do Paraíso
No rio Douro haverá travessias separadas: a da ferrovia, só para alta velocidade, à cota alta; e a da rodovia, à cota baixa. Gare já não será em Santo Ovídio, junto ao metro de D. João II.
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A estação do TGV em Gaia já não será em Santo Ovídio, mas em Vilar do Paraíso, na zona de São Caetano, e para o traçado da alta velocidade, sobre o rio Douro, serão construídas duas pontes, e não somente uma, como estava previsto pela Infraestruturas de Portugal (IP). Agora, de acordo com a proposta do consórcio LusoLav, responsável pela linha de alta velocidade entre Porto e Oiã, haverá uma travessia, à cota alta, só para o comboio; e outra dedicada ao tráfego rodoviário, à cota baixa e com ligação entre Oliveira do Douro e a marginal portuense.
A proposta do consórcio LusoLav vai a votação hoje, às 16 horas, em reunião extraordinária da Câmara de Gaia. À noite, a partir das 21 horas, será tema da Assembleia Municipal. Em causa está a alteração do que foi inicialmente apresentado, em concreto a mudança da estação em cerca de dois quilómetros, de Santo Ovídio para Vilar do Paraíso. Por seu lado, fonte do Município do Porto disse "não ter conhecimento" de uma nova solução para a travessia do Douro. "A Câmara do Porto não recebeu informação por parte da IP, até ao momento", foi a resposta dada à Lusa.
"A nova localização proposta para a Estação de Vila Nova de Gaia fica compreendida entre a Rua da Junqueira de Cima (a norte e poente), a Rua e Travessa do Guardal de Cima (a sul) e a Travessa de Belo Horizonte (a nascente)", na zona de São Caetano, em Vilar do Paraíso.
Além de um conjunto de acessibilidades rodoviárias a construir, a proposta inclui "o prolongamento da Linha Rubi, desde Santo Ovídio até à Estação de Alta Velocidade (lado poente)", com custos repartidos entre o consórcio (obra pesada) e a Metro do Porto (instalação da linha e dos respetivos equipamentos).
"Relativamente ao prolongamento da Linha Rubi desde a Estação de Santo Ovídio, importa referir que, dada a elevada densidade e sobreposição de infraestruturas neste local, esta obra afigura-se bastante complexa, obrigando a desviar o acesso rodoviário para poente, sobre um talude ajardinado, adivinhando-se impacto negativo, face à proximidade aos edifícios de habitação existentes", aponta-se.
Os serviços camarários dizem ainda que, apesar da estação poder ser retirada de Santo Ovídio, entre as atuais estações de metro Santo Ovídio e D. João II, "o município deverá dar continuidade ao Plano de Pormenor que está em elaboração para o local".
De referir que, segundo a documentação a que o JN teve acesso, para a plataforma gaiense de Vilar do Paraíso está prevista a integração num parque urbano, desenhado por Sidónio Pardal (arquiteto do Parque da Cidade no Porto, entre outros). Também estão contemplados "parques de estacionamento".
Obriga a expropriações
Quanto à travessia do Rio Douro, "a solução agora apresentada volta a separar, em duas pontes distintas, o modo ferroviário e o modo rodoviário". O consórcio sustenta essa opção "na necessidade de redução do risco de financiamento, redução do risco de incumprimento do prazo e na clara separação das futuras responsabilidades de manutenção de cada uma das pontes".
Apontam-se mais vantagens: "Redução do tempo de execução da obra, um menor consumo energético e uma maior segurança de circulação". O projeto é da autoria dos arquitetos Souto Moura e André Campos. Ficarão localizadas junto à Ponte de São João, que serve os comboios e está atualmente a funcionar.
A proposta do consórcio implica menos construção em túnel. "No projeto que consta do Estudo Prévio, a maior parte da extensão da linha em Gaia encontra-se prevista em túnel, feito em escavação subterrânea, com menor impacto à superfície", com 9,2 quilómetros em túnel do total de 12 quilómetros percorridos no concelho. Mas, "comparando as duas soluções, há um agravamento do impacto superficial três vezes superior". De sublinhar que na solução agora apresentada, "o impacto não se circunscreve à extensão linear da infraestrutura, mas também à área confinante com esta", implicando "expropriações e demolições nas zonas de intervenção".