Afonso não vê, não anda, é alimentado por um botão gástrico e dono de um sorriso contagiante. Nasceu com paralisia cerebral, tem síndrome West, epilepsia e 95% de incapacidade, mas tem evoluído. Muito devido às terapias que faz. Para apoiar esta evolução têm sido feitas iniciativas solidárias e, no sábado, há mais uma.
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A próxima iniciativa solidária de apoio ao menino realiza-se, no sábado, em Fradelos, no concelho de Famalicão.
Afonso, que tem agora, seis anos, nasceu às 33 semanas com uma hemorragia cerebral. Esteve internado 72 dias nos cuidados intensivos de neonatologia, mas conseguiu vencer. Daí para cá vai ultrapassando batalha a batalha, sem perder a alegria que lhe vemos estampada no rosto.
“Como [a hemorragia cerebral] foi criada dentro da barriga, não podiam fazer nada. A única coisa a fazer era esperar”, conta o pai Pedro Vilas Boas. “Foi-nos dito que, naquela noite, ele podia não sobreviver”. No entanto, o menino não se ficou e venceu mais uma luta. Ao quinto dia de vida foi operado à cabeça e, quando fez um ano, foi-lhe diagnosticada epilepsia. Em fevereiro do ano passado, esteve em coma, porém conseguiu ultrapassar mais esse obstáculo.
“Antes de ter estado em coma, conseguiu andar com ajuda de andarilho. Ele tem força para andar, consegue coordenar os passos”, explica o pai. Por isso, as terapias que faz são importantes não só para a progressão como para a sua qualidade de vida.
“O Afonso ainda tem uma margem de dez anos de desenvolvimento, porque ainda está a crescer”, frisa, explicando a importância do trabalho feito nas diversas terapias. “É um processo de trabalho, de insistência e os terapeutas dizem que o Afonso tem vontade, capacidade, força de membros. É um processo contínuo”, esclarece.
Pais pagam todas as terapias
Os dias do menino são divididos entre a escola e as terapias (fisioterapia, cinesioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional e hidroterapia). Todas pagas pelos pais. A Câmara de Famalicão oferece sessões de snozelen.
Pedro é serralheiro soldador e a mãe Ana está, neste momento, de baixa por assistência à terceira pessoa, que termina no final do ano. Além das despesas com alimentação e todos os materiais e equipamentos necessários, o casal, que reside em S. Cosme (Famalicão), gasta cerca de mil euros mensais só em terapias.
“O nosso objetivo é que ele continue a ser uma criança feliz”, sublinha o pai, notando que os progressos do filho lhes dão “força” para “levar o barco”.
Com gastos elevados e as ajudas estatais escassas, Ana e Pedro têm uma página no Facebook “Vamos sorrir com o Afonso” e são várias as iniciativas para ajudar a família. No próximo sábado, um grupo de amigos organiza um encontro de carros clássicos e desportivos, em Fradelos, com entradas pagas, cujo valor reverterá para ajudar o Afonso. Haverá, ainda, venda de rifas.
“Temos uma paixão por carros antigos e pensámos por que não usar isso para ajudar crianças que precisem”, nota Mafalda Campos, porta voz do grupo. Não pensámos duas vezes e avançámos”, atira. Todos os anos, escolhem uma criança que precise e organizam o encontro. “Todas as crianças deixam sempre algo em nós”, conclui.