A Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra vai atribuir bolsas a 20 estudantes com a melhor classificação no acesso a seis licenciaturas no próximo ano letivo. As bolsas, atribuídas no âmbito do projeto Farm4Future, visam atrair jovens para cursos na área das ciências agrárias.
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No valor de 697 euros, o equivalente à propina, as bolsas serão atribuídas, diretamente, sem necessidade de candidatura. "É automático. Não têm que fazer rigorosamente mais nada", afirma Rui Amaro, presidente daquela escola.
As licenciaturas abrangidas são as de Agronomia e Zootecnia, com quatro bolsas cada uma, assim como Recursos Florestais e Ambiente, Tecnologia Alimentar e Turismo em Espaços Rurais e Naturais, cada uma com três. A seleção será por ordem decrescente da nota de entrada. Caso sobrem bolsas, serão atribuídas na segunda fase do concurso nacional de acesso ao Superior.
Atrair estudantes
O objetivo das bolsas é "atrair" estudantes para áreas em que o "interesse dos alunos do Secundário é cada vez menor". O "exemplo paradigmático", dado por Rui Amaro, é a área das florestas. A nível nacional, são apenas três as instituições com cursos neste domínio: a Escola Superior Agrária de Coimbra, a Universidade de Trás-os-Montes, em Vila Real, e o Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. "No concurso nacional de acesso no ano passado, entraram menos de 20 alunos no conjunto das três instituições. É dramático", concretiza o responsável, admitindo que esta área não é apelativa para os jovens.
"Não conseguimos chegar aos alunos do Secundário", apesar de ser um setor "fundamental para a nossa existência". Em termos de alunos, a Escola Superior Agrária de Coimbra, com uma oferta que vai além das ciências agrárias, tem tido "algumas oscilações" em termos de alunos, mas tem recuperado. "Já tivemos cerca de 900 alunos e, neste momento, temos 1250", diz o presidente.
De portas abertas
No âmbito do projeto Farm4Future, está a decorrer a Escola de Verão, dirigida a estudantes do Secundário, até ao dia 25 de julho. Fazer queijo, lidar com os animais ou trabalhar na vinha são algumas das iniciativas desenvolvidas para divulgar as ciências agrárias.
"Tentamos que haja atividades de imersão naquilo que se faz na exploração agropecuária, a par de atividades mais lúdicas, para que seja uma experiência positiva e fique na memória", esclarece Rui Amaro.
José Miguel Antunes, de 17 anos, integrou o primeiro grupo de 35 alunos, depois dos relatos de colegas que "disseram que, no ano passado, foi incrível. Fiquei curioso e inscrevi-me". O jovem de Arganil, que estuda eletrónica, espera "aprender coisas novas" ao longo da semana. Para Eva Oliveira, também com 17 anos, a participação é "muito importante", mesmo que estejam em áreas diferentes. "Ficamos com uma mente mais aberta sobre o que fazem aqui e quem é que nos garante que não pode mudar a nossa visão para o futuro", lança a aluna de artes, de Penacova
Modernizar o ensino
O projeto Farm4Future, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, visa a modernização tecnológica e digital do ensino das ciências agrárias. Liderado pelo Politécnico de Coimbra, inclui ainda os Institutos Politécnicos de Castelo Branco, de Santarém e de Viseu, a Universidade de Coimbra, a Egas Moniz e a CESPU.
No âmbito do projeto, a ESAC vai ainda criar um Centro de Divulgação de Ciências Agrárias e microcredenciações. O investimento global é de 960 mil euros, segundo Rui Amaro, repartido pelas várias ações.