Foi considerada crime público a agressão a vários enfermeiros do Centro Hospitalar do Médio Ave, em Famalicão, na noite de 22 de fevereiro. O processo seguirá os trâmites legais, sob a alçada do Ministério Público.
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Durante 50 minutos, na noite de 22 de fevereiro, vários enfermeiros e outros profissionais de saúde da Urgência do Hospital de Famalicão foram agredidos. Com uma série de ferimentos na cabeça e fendas nos lábios, um dos enfermeiros ficou completamente ensanguentado. Perante a gravidade da situação, o caso está a ser tratado como crime público.
O Sindicato dos Enfermeiros reuniu, esta quinta-feira, com o Conselho de Administração daquela unidade hospitalar. "Hoje é o dia dos enfermeiros e, num ato simbólico, estivemos reunidos com o Conselho de Administração e trazemos boas notícias", revelou ao JN Pedro Costa, presidente do sindicato.
As agressões já foram consideradas crime público e, ao entrar nessa esfera, "não há necessidade dos intervenientes fazerem queixa". O sindicalista acrescenta que os autores já foram identificados e que o próprio hospital "reconheceu que existiam lacunas na segurança". A videovigilância, "que não estava a funcionar", foi restabelecida, instalou o botão de pânico, "aumentou o número de seguranças e, ao mesmo tempo, durante o período noturno estabeleceu um protocolo com a PSP de Santo Tirso para fazer rondas à noite".
O processo que conduziu ao tratamento do caso como crime público decorreu de uma reunião que o hospital pediu à Proteção Civil e à Câmara Municipal. "Conjuntamente, interpelaram a Procuradora-Geral da República que, face à gravidade do acontecimento, considerou isto um crime público. Vai ajudar na celeridade e na resolução de problemas e, ao mesmo tempo, proteger os colegas, que não precisam de fazer queixa para que a situação entre na esfera da Justiça", clarificou Pedro Costa.
"Foram agredidos vários enfermeiros e outros profissionais de saúde. Os que ficaram mais magoadas foram dois enfermeiros [um homem e uma mulher]", indicou.
Conselho de Administração assume os custos
"Além disso, a própria instituição reconheceu que a apólice de seguros que tinha poderia não cobrir, no futuro, todos os danos causados. Estão a revê-la, mas assumem essa responsabilidade. O Conselho de Administração assume todos os custos decorrentes desta agressão", revelou o presidente do Sindicato dos Enfermeiros.
"Estamos a falar de agressões bárbaras. O colega tem, desde a cabeça partida até ao lábio rebentado", enumerou Pedro Costa. "Isto ocorreu no serviço de Urgência. As pessoas queriam entrar todas. Foi-lhes dito que só podia entrar a pessoa que estava a ser assistida e a partir daí, durante 50 minutos, os profissionais e quem apareceu, foram agredidos", descreveu.
À data, a PSP de Famalicão, "ao aperceber-se da gravidade da situação, chamou o grupo de intervenção de Braga", cuja deslocação até Santo Tirso demorou cerca de 40 minutos, explicou Pedro Costa. "Com esta gravidade, é uma situação que nunca tinha acontecido. O serviço de Urgência por situações de exaltação, o que é normal, mas deste nível nunca tinha acontecido. Por isso, o hospital também teve de tomar medidas diferentes", justificou o sindicalista.
"Quando a polícia chegou, já tinham ido embora. Só foram identificados a posteriori. O caso agora segue os trâmites normais. A instituição já utilizou todos os mecanismos que tem à sua disposição para acautelar estas situações no futuro. Foi dada a possibilidade aos profissionais de serem transferidos de serviço ou até mesmo de instituição, caso assim o entendessem, e estão a ser acompanhados pela Psicologia, mas preferem manter-se na instituição e vestir a camisola", concluiu o presidente do Sindicato dos Enfermeiros.
Por lapso, a notícia foi erradamente dada como tendo acontecido em Santo Tirso quando, na realidade, aconteceu no hospital de Famalicão.