Beneficiários do projeto, que se estende a outros concelhos, são produtores de subsistência que perderam anexos agrícolas e alfaias num incêndio de 2017.
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Vítor Mateus viu o fogo que em 2017 varreu o concelho de Oleiros levar os seus pertences, com exceção da habitação. Além de uma área de pinhal, as alfaias agrícolas, a horta, a sua oficina e as ferramentas de trabalho ficaram reduzidas a cinzas.
Hoje é um dos beneficiários do projeto Abrigos e Hortas, implementado pela Associação Causa, no âmbito do Portugal Inovação Social e da vertente Parcerias para o Impacto, que vai oferecer 13 abrigos no concelho de Oleiros, 20 no de Castanheira de Pêra e outros 20 em Arganil, num financiamento de 183.373 euros.
Este valor é comparticipado em 70% pelo Portugal 2020 e os restantes 30% pelos diversos parceiros, incluindo os municípios de Oleiros e Castanheira de Pêra, a Caritas Diocesana de Coimbra, a Santa Casa da Misericórdia de Arganil e empresas, escritórios de arquitetos, advogados e fundos de gestão e investimento imobiliários.
Residente da freguesia de Sobral, Vitor Mateus faz parte dos cinco munícipes que já receberam um abrigo, sendo os restantes entregues até final do ano. Não cobre todos os prejuízos, mas "é uma ajuda valente, prova de que quando há vontade de ajudar as coisas acontecem". No abrigo que recebeu está a reorganizar a sua oficina, tendo também participado nas obras, mas as alfaias e ferramentas "vão sendo adquiridas consoante as prioridades e a possibilidade de as adquirir".
Em 10 freguesias
Este projeto prevê a construção de um abrigo e de uma horta para agricultores de subsistência, utilizando técnicas de construção tradicional e respeitando a cultura local, tal como explica o vice-presidente da Câmara de Oleiros, Miguel Marques, que vê agora materializar-se a parceria estabelecida em 2019, "para apoiar os pequenos agricultores de subsistência, que perderam as suas alfaias, barracões, as suas hortas".
A autarquia fez a entrega destes equipamentos nas freguesias de Madeirã, Sobral e Álvaro, mas o projeto abrange as 10 freguesias. "As juntas fizeram em cada freguesia o levantamento das pessoas que ficaram mais prejudicadas com os incêndios", avança o autarca, reiterando que este "é um investimento direto na economia local".
Alguns dos anexos foram construídos com madeira aproveitada nos incêndios, com técnicas de construção tradicionais e com ajuda de mão-de-obra local.