Os agricultores do Baixo Mondego concentrados em Coimbra desde quinta-feira começaram a desmobilizar do protesto pelas 17 horas, depois de se reunirem por videoconferência com a ministra da Agricultura e agendarem um encontro na próxima semana na região.
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Uma delegação de seis agricultores, em representação dos manifestantes, participou esta tarde numa reunião, por videoconferência, que se prolongou por mais de duas horas e meia, com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que se comprometeu com o avanço da construção da barragem de Girabolhos em Seia (distrito da Guarda).
A governante também acedeu a discutir no terreno questões específicas como as culturas do milho e do arroz no Baixo Mondego, aquando da sua deslocação à região, na próxima semana, em dia a anunciar.
João Grilo, porta-voz do movimento de agricultores e que participou na reunião, disse que, segundo a ministra, Portugal, tal como França, também pretende a revisão do acordo da União Europeia com o Mercosul, questão que faz igualmente parte do caderno reivindicativo dos agricultores.
Segundo João Grilo, foi ainda prometida a criação de um observatório dos preços, que incluirá a produção de leite, cereais e hortofrutícolas, "para se saber em que ponto da cadeia fica a grande fatia do valor acrescentado, porque nas prateleiras [da distribuição] os valores não descem".
O porta-voz do movimento frisou ainda que a ministra da Agricultura concordou com as críticas dos agricultores à importação de produtos pela União Europeia "que não cumprem as regras ambientais", questão que irá levar a Bruxelas no dia 26.
Em discussão nos próximos dias com os técnicos do ministério da Agricultura e o Governo estarão outros temas, como o eventual fim do pousio obrigatório ou a segunda cultura: "Este ano, 90% do vale do Mondego não conseguiu semear a segunda cultura", indicou João Grilo.
Falando em cima de uma carrinha de caixa aberta, estacionada numa praceta da avenida Fernão de Magalhães e perante cerca de 200 manifestantes, o primeiro de vários aplausos ouviu-se quando o porta-voz do movimento anunciou o avanço do processo de construção da barragem de Girabolhos, confirmado por Maria do Céu Antunes, naquilo que era uma das exigências específicas dos agricultores do Mondego.
"Para a semana e se vocês quiserem, a ministra vem cá. Para discutir aqui estas questões e ver como as ultrapassar", frisou João Grilo.
Na resposta, a esmagadora maioria dos presentes aceitou desmobilizar e regressar a casa: "Venha a ministra e vamos embora", resumiu um dos agricultores presentes.
Os tratores e máquinas agrícolas começaram a inverter a marcha na Fernão de Magalhães para saírem da baixa de Coimbra pouco depois das 17 horas, num percurso que os levou pela ponte-açude e via rápida de Taveiro, pela margem esquerda do rio Mondego.
Antes de começarem a abandonar a avenida Fernão de Magalhães onde se concentraram nas últimas 24 horas, as cerca de duas centenas de manifestantes aplaudiram a atuação das forças de segurança (PSP e GNR) durante o protesto.