"Um susto? Foi um sustão!" Maria Zaida Alves acabara de se deitar. Seriam umas nove e meia da noite de quarta-feira, em Valcôvo, freguesia de Vila Marim, Mesão Frio. "Os trovões eram cada vez mais fortes e pensei logo em levantar-me".
Corpo do artigo
Abriu a porta do quarto e já viu a cozinha inundada. "Cuidei que ia morrer aqui e comecei a gritar: Socorro… Alguém me acuda!" Só que com o barulho da tromba de água ninguém ouvia. Tentou sair para a rua, mas à porta de casa corria "um bom meio metro de água".
Foi então que apareceu Maria Isabel Rodrigues. Lançou uma grande tábua de madeira e fez uma espécie de ponte por cima do ribeiro que engolia o asfalto. "Quando ela morrer não sofrerei tanto como enquanto durou a enxurrada".
Cinco milhões de prejuízo
Também Delfim Santos ficou aflito. "Fiquei sem garagem, quase sem casa e sem terreno". Catarina Alves viu "aumentar o receio" entre a família, pois o ribeiro original ficou tapado e a água corre agora junto à parede da casa. "Vai certamente abalar a sua estrutura". Dois carros foram apanhados pelas pedras. "Vamos ver se o seguro cobre isto", desejou a proprietária, Elisabete Gomes.
O presidente da Câmara de Mesão Frio, Alberto Pereira, sentiu o mau adormecer e o pior acordar das gentes de Valcôvo. Ontem acompanhou o início dos trabalhos de remoção de terra e pedras da estrada de acesso, que vão durar "pelo menos três ou quatro dias". Os estragos, resumiu-os assim: "Casas inundadas e outras com fissuras, mais de um quilómetro de estrada destruída, muros que desmoronaram e ribeiros que mudaram o curso". Há técnicos a avaliar os estragos para depois tentar obter ajuda do Governo, pois, numa primeira análise, os prejuízos deverão rondar "quatro a cinco milhões de euros".
Na Régua também se registaram prejuízos: estradas cortadas temporariamente, inundações e viaturas danificadas.