Bastaram três dias para cortar e moer para enviar para a reciclagem o Airbus A310, que pertencia à SATA Air Açores, 29 meses depois de ter estacionado na placa Terminal Civil Aeronáutico de Beja (TCB).
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O desmantelamento de uma aeronave é um processo tido como "muito complexo". A operação esteve a cargo da Unidade de Beja da AmbiGroup Resíduos e começou com a retirada dos fluidos hidráulicos e o combustível que aeronave tinha nos depósitos. Depois foi a desmontagem das partes móveis e interiores, como "flaps", "ailerons", assentos, bagageiras, tapeçaria, vidros e "cockpit".
Após alguns dias de interrupção, face a problemas burocráticos entre ANA-Aeroportos e o proprietário da aeronave, a fase de corte começou na passada terça-feira e foi dada como concluída três dias depois.
A cauda da aeronave, onde se encontrava o símbolo da companhia aérea açoriana, foi a primeira a deixar a fuselagem. Depois as potentes "maxilas" da máquina de corte começaram a rasgar as entranhas do aparelho e os bocados começaram a ser transportados para o Parque Ambiental da AMALGA, a cerca de 10 quilómetros de Beja, para serem picados e reciclados.
"A operação correu dentro do esperado, tendo existido cuidados redobrados uma vez que a aeronave estava junto às instalações Terminal, e foi importante minimizar todos os possíveis danos no pavimento", disse ao JN fonte da AmbiGroup. "Já tínhamos desmantelado mais aviões anteriormente, inclusive outro A310 da SATA, nas instalações da TAP, em Lisboa", acrescentou.
A história do CS-TRY Terceira começou a escrever-se em 11 de março de 2018, quando aterrou nas pistas da Base Área (BA) e estacionou na placa do TCB, de onde nunca mais levantou voo já que o objetivo era ser desmantelado.
A aeronave foi adquirida à SATA por uma empresa que lhe retirou o "coração", ou seja os dois reatores e "abandonou" a carcaça na placa do TCB. Em abril de 2019, o A310 chegou a ser mudado para as placas da BA11, mas, voltou ao Terminal, onde ainda se encontrava quando foi desmantelado.
No final do mês de março, a dívida acumulada à ANA pelo "estacionamento" da aeronave rondava os 320 mil euros, tendo a empresa ponderado tomar a posse administrativa do aparelho, caso não conseguisse resolver o problema.
Pelo caminho ficou a intenção de um grupo empresarial do Alentejo, com interesses no setor do turismo, em adquirir a aeronave, para a transformar em alojamentos personalizados em turismo rural, mas o custo do parqueamento em dívida à ANA e o preço de aquisição, a que se juntou a pandemia do covid-19, tornaram a operação proibitiva.