Ala Pediátrica do São João celebra o amor e os afetos com inspiração nos lenços minhotos
A entrada da Ala Pediátrica do Hospital de São João, no Porto, está mais colorida, com a exposição "Afetos", inaugurada nesta quinta-feira e que amanhã continuará patente. Para celebrar o Dia dos Afetos, numa alusão a São Valentim, a mostra reúne trabalhos inspirados nos Lenços dos Namorados minhotos.
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Com o tema "Bai amizade a buar da Ala Pediátrica do São João para outras pediatrias", a unidade de saúde portuense desafiou 13 pediatrias de todo a país a celebrar o Dia dos Afetos, como alusão ao Dia de São Valentim. No entanto, esta celebração do Dia dos Namorados é um pouco diferente, centrando-se nos afetos entre família e amigos.A inauguração da exposição juntou responsáveis do hospital, profissionais de saúde, crianças internadas e pais. O projeto abrangeu o Hospital de Faro, o Hospital de Angra do Heroísmo, o Hospital Pediátrico de Coimbra, o Centro de Reabilitação do Norte (Gaia), o IPO de Lisboa, a Casa do Kastelo (Matosinhos), o Hospital Dr. Nélio de Mendonça (Madeira) , Centro Materno Infantil do Norte (Porto), o Hospital Garcia da Horta (Almada), Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real) e o Hospital de Aveiro.
Nas paredes há desenhos de crianças inspirados nos Lenços dos Namorados, com motivos a remeter para o universo de cada uma das unidades de saúde participantes. E alguns trabalhos de bordados executados por familiares. No Hospital de S. João, um "lençol" passou pelos vários serviços. Os restantes hospitais estão representados por desenhos e bordados.
Cristiane Rodrigues, mãe de uma menina há dois meses internada na Ala Pediátrica, considera que se trata de "uma iniciativa muito integrativa". Depois de 28 dias nos cuidados intensivos, e dois meses na totalidade do internamento na Ala Pediátrica, a mãe considera que são momentos como este que fazem com que a pequena Helena "consiga renovar e ficar um pouco mais feliz". A menina desenhou um passarinho azul e um raminho no lençol da Ala Pediática do São João e diz que gostou bastante. "É um projeto muito giro e ajuda um bocadinho a melhorar os dias", disse Helena.
Maria João Baptista, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário São João, explicou que a iniciativa partiu da equipa educativa. "Esta administração dá liberdade às equipas para encontrarem novos desafios, terem novas ideias e fazerem-nos sair um bocadinho daquilo que é a monotonia do dia a dia, com ideias criativas completamente novas, e foi isso que aconteceu", contou. "Foi proposto e aceitei, até porque achei uma ideia muito bonita", acrescentou.
"Aquilo que é mais relevante, no Dia dos Namorados e nos Lenços dos Namorados é o afeto das pessoas e a génese no mais primordial da nossa cultura portuguesa, de algo de extremamente belo que a nossa cultura tem", assinalou Maria João Baptista. "Nós somos um povo que dá muito valor ao afeto e somos um povo que é muito próximo da família e dos amigos", sublinhou, referindo: "Temos a possibilidade de celebrar estes afetos que nos unem uns aos outros".
"O facto de as outras ULS [unidades locais de saúde] terem participado e colaborado é um símbolo da nossa cultura e de trabalharmos juntos para fazer projetos maiores", continuou a responsável.
Gabriela Borges descreve que já é usual celebrarem afetos no Hospital São João, mas que este ano quiseram "inovar e fazer algo diferente", convidando outras unidades do país. "Isto é um trabalho coletivo e é a primeira vez que conseguimos unificar 12 hospitais num trabalho só", frisou. A coordenadora acrescentou que, neste projeto, alude-se aos "afetos e à partilha com os pais, com os avós, com a família e com os amigos". "Nunca quisemos falar dos namorados, quisemos falar, sim, do amor, de S. Valentim, mas numa forma mais lúdica e pedagógica", contou. Sobre a forma como as crianças reagiram a esta iniciativa, descreve que elas "realmente adoraram e é uma forma diferente de viver esta luta do internamento".
A exposição foi inaugurada nesta quinta-feira, mas continuará patente amanhã. O futuro dos trabalhos ainda é incerto. A Ala Pediátrica do Centro Hospitalar São João gostaria de a manter, mas os outros hospitais participantes revelaram, igualmente, interesse em ter os seus lenços de volta. Sem grandes garantias, Gabriela Borges revela que estão a avaliar qual a melhor opção, que poderá passar por uma exposição itinerante pelas restantes unidades de saúde.