Moradores criticam defeitos na execução das obras e falta de manutenção das caixas de escoamento de água. Câmara admite que sistema de drenagem é "insuficiente".
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A aposta nas "zonas 30", que incentivam à redução de velocidade, deram nos últimos anos uma nova imagem a quatro urbanizações de Braga. Também a requalificação integral da variante da Encosta, até à Universidade do Minho, trouxe novas condições de segurança a peões e ciclistas. Contudo, as intervenções estão agora a ser alvo de críticas, com moradores e comerciantes a lamentarem as inundações em certas artérias, sempre que há chuva intensa. O presidente da Câmara, Ricardo Rio, descarta defeitos nas empreitadas e atribui o problema ao sistema de drenagem da cidade "que é insuficiente" para responder aos atuais fenómenos naturais.
"Desde que foram feitas as obras da "zona 30", nunca foram corrigidos os erros. Sempre que há chuva mais intensa, entope tudo. Antes da obra, não me lembro de isto acontecer", atesta Manuel Henriques, morador da Rua dos Congregados, em S. Victor, uma das vias que, recentemente, ficaram alagadas, com a água a invadir duas garagens. "Deviam ter feito condutas até ao bairro social [das Enguardas]. Assim, vem tudo desembocar nesta rua, como um rio", lamenta o morador, acrescentando críticas à "falta de manutenção e limpeza" das caixas de escoamento.
"Há muito pouca prevenção em termos de limpeza. Se não for a boa vontade dos moradores, as garagens ficam todas inundadas"
Antes e depois das "zonas 30"
"É a terceira vez, num mês, que há inundações", atira Guilherme Rodrigues, outro morador que não se lembra de lidar com o problema antes da criação da "zona 30". "Antigamente, havia inclinação suficiente para a água cair nas caixas. Agora, andamos com o coração nas mãos com a chegada do inverno", sublinha o bracarense.
"A água sobe os passeios quase até às entradas dos prédios. Se houvesse aqui um vereador a morar, de certeza que já estava corrigido"
O presidente da Junta de S. Victor, Ricardo Silva, admite que o problema se estende a outras ruas da maior freguesia da cidade. "É preciso mais manutenção dos bueiros e mais aposta na limpeza de sarjetas. E pensar que infraestrutura da cidade tem de ser mexida", defende.
Na Variante da Encosta, na zona de Lamaçães, Joaquina Antunes junta-se aos lamentos. "Esta obra foi mal executada. E colocaram um piso que não absorve água nenhuma", atesta a cabeleireira, garantindo que atualmente "as caixas de escoamento estão sempre em erupção".
Apesar das críticas ao resultado das requalificações, Ricardo Rio assegura que os técnicos municipais não identificam uma relação "entre as obras e uma possível degradação da capacidade de drenagem das águas". "Como a cadência da chuva tem sido maior do que noutros tempos, o sistema de drenagem não consegue dar resposta", justifica o autarca, ressalvando que o cadastro à rede de águas pluviais já arrancou.
Medidas
Cadastro da rede
O Município de Braga iniciou o cadastro à rede de águas pluviais em todo o concelho, que pretende controlar as descargas no rio Este, mas também identificar as insuficiências ao nível da drenagem da água. O presidente da Câmara, Ricardo Rio, reconhece que o trabalho "vai demorar alguns anos a concretizar".
Ponto negro
Ricardo Rio admite avançar com ações pontuais para mitigar os alagamentos em lugares críticos. A reta do Feital, em Real, está identificada como um ponto negro e, em parceria com a Infraestruturas de Portugal, será alvo de intervenção.