Aldeia com 160 habitantes espera milhares de visitantes para provar os morangos "mais doces de Portugal”
Já está tudo pronto para a feira do morango de São Pedro Velho, a pequena aldeia de Mirandela com 160 habitantes afamada como a capital do fruto por produzir “os morangos mais doces do país”, garante Manuel Pinto, um dos quatro agricultores que produzem, anualmente, cerca de 100 toneladas.
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“Não precisam de açúcar”, atenta o produtor que começou, há 22 anos, com cinco mil pés e, agora, já vai em 40 mil nos cerca de três hectares de morangal, que dão fruto entre abril e novembro. O segredo está no “microclima que existe na aldeia e no solo rico em potássio”, fatores que Manuel Pinto considera essenciais para conferir um aroma especial ao fruto, mais doce do que é habitual. “Digo sempre às pessoas que nunca ponham açúcar nos nossos morangos, porque estão a dar cabo da saúde e a adulterar o paladar”, insiste.
Outro produtor, Armindo Alves, começou há 23 anos com uma pequena plantação de 10 mil pés e, hoje, tem quase quatro vezes mais. É tudo escoado. “E mais que houvesse”, diz. “Desde que é feita a feira, não temos mãos a medir. Levamos o nosso produto às lojas e, se estiver está lá o espanhol, não lhe tocam. O nosso vai logo”.
Só estes dois agricultores têm mais de 20 pessoas da freguesia a trabalhar nos morangais. “Têm de se apanhar com cuidado, porque é uma fruta sensível e não podemos partir o morango verde que há nem a flor”, revela Ester Pinheiro, confessando que é um trabalho com muito desgaste físico. “Ao fim do dia, dá cabo de nós. São dores nas pernas e nas costas, porque andamos todo o dia amarrados. Por isso, é que os mais novos não querem nada com isto”, sentencia. Embora haja exceções. Susana Ferreira tem 38 anos e, desde os 18, que trabalha na apanha. “Também trabalho nas limpezas, mas a grande parte do tempo é no morango”, assegura. “Custa um bocadinho. Andar aqui 5 horas amarrada é dose, mas, pronto, faz-se com gosto, com amor e as coisas correm bem”.
Caixa de dois quilos a nove euros
Nos dois dias que antecedem a feira, os quatro produtores da freguesia fazem uma interrupção na apanha para acautelar uma quantidade exclusiva para o certame. “Estima-se que cerca de 10 toneladas de morangos sejam vendidas” no fim de semana durante XV Feira do Vinho & Morangos, acredita a presidente daquela junta de freguesia que organiza o certame. Cada caixa com dois quilos de morangos fica a nove euros.
E nem a chuva que está prevista vai ser um obstáculo. “Vamos fazer uma alteração do lugar da feira. Pela primeira vez vai decorrer num espaço coberto, no polidesportivo”, assinala Fernanda Guerra. A autarca acredita numa enchente. “Vêm milhares de pessoas de todo o lado e as pessoas de São Pedro Velho e das freguesias aqui vizinhas já tiram férias para esta altura, tal como os emigrantes que vêm sempre passar cá a semana da feira para poderem estar com a família”, sublinha Fernanda Guerra, revelando, ainda, que há famílias da aldeia que “recebem cerca de 30 pessoas em casa durante a feira".
Percurso pedestre e concurso de vinhos
No sábado de manhã, há um percurso pedestre “à procura do morango” com a particularidade de os caminheiros poderem parar numa exploração para apanhar o morango e levar para casa.
A abertura oficial da XV Feira do Vinho & Morangos acontece ao início da tarde. Segue-se a animação de rua com bombos e um concurso de vinhos da região. À noite, acontece a animação musical com o grupo “Sol e Dó” e vários dj’s. No domingo, a manhã está dedicada ao Passeio TT e, durante a tarde, sobe ao palco o grupo “Encharca o fole”.